Caro frei, tenho 48 anos e sou católico praticante, mas estou demasiado confuso. Apesar de ser relativamente jovem, venho dum mundo rural que se transformou muito depressa. Nasci numa aldeia “à antiga”, com os animais que a atravessavam, os carros de bois que circulavam nas ruas, onde se cantava no trabalho, as pessoas se encontravam na praça para conversar e onde havia tantas tradições. Foi ali que eu aprendi a doutrina e dei os primeiros passos na vivência da minha fé. Hoje é tudo muito diferente… e por vezes tenho dificuldade em pensar a presença de Deus neste novo mundo. A minha principal dificuldade é pensar a minha Fé face aos novos meios de comunicação e às redes Sociais… A Igreja deve entrar nestas realidades? Não é demasiado confuso e perigoso? Não seria mais prudente ficar “fora” destas coisas? Pedro
Caro leitor, a Internet, as novas tecnologias e as redes sociais estão a mudar a nossa vida. As tecnologias digitais por vezes parecem deixar de ser um instrumento para serem um ambiente em que vivemos. A verdade é que a rede muda a nossa vida diária, as nossas relações com o mundo e as pessoas que estão à nossa volta. Hoje existem novas praças onde nos encontramos.
A nossa fé não pode ser indiferente a estas mudanças. Quando o Senhor manda os seus discípulos anunciar o Evangelho, manda-os até aos confins da terra. A Igreja não pode ficar fechada no passado ou em determinados confins, mas caminha com a humanidade. Como afirma a Gaudium et Spes, a Igreja partilha o caminho da humanidade pois não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no coração da Igreja. O mundo muda e traz novos desafios, diante deles, os discípulos de Cristo não podem fechar-se em “castelos bem murados” ou fugir para o passado. Este é o mundo que nos convoca e nos desafia a olhar para a incansável obra da criação de Deus. O mal, o tentador e o pecado sempre estiveram presentes no mundo e sempre estarão. Concordo quando afirma que nesta realidade nova há muita confusão e perigos, mas nós não podemos ficar fora dela. Somos chamados a contemplar o mundo com os olhos de Deus e a semear nele a bondade, a verdade e a beleza. Que o Senhor nos dê a sabedoria, a prudência e a capacidade de nos deixarmos desafiar.