“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz”.
(Is 9, 1)
Foi com estas palavras que o profeta anunciou a chegada de Deus ao meio dos homens, mergulhados nas trevas da escravidão, da miséria e da tristeza. Ontem como hoje. Sim, porque Deus já veio, já nos deixou a vacina para os nossos males e, agora, está a espera que nós a apliquemos. A nossa salvação depende certamente de Deus, mas Ele nunca faz nada sem o nosso consentimento e colaboração.
A chegada de Deus não fez barulho e passou quase despercebida; só depois, com o passar do tempo, se afirmou e começou a iluminar mentes e corações em todo o mundo. Mesmo assim, o seu crescimento não foi progressivo, porque a batalha entre a luz e as trevas é uma constante da nossa história. No nosso mundo ocidental, assistiu-se, inclusive, a um fator inquietante: à medida que as trevas exteriores eram vencidas, as trevas interiores alastravam.
Um aspeto desta inquietação é, hoje, a doença que ataca a economia mundial. Como não se cansa de repetir o Papa Francisco, a economia tem de mudar de orientação: em vez de servir ao dinheiro deve servir a pessoa humana, especialmente a mais frágil e marginalizada.
Os políticos são chamados a “cuidar da fragilidade, da fragilidade dos povos e das pessoas. Cuidar da fragilidade quer dizer força e ternura, luta e fecundidade, no meio dum modelo funcionalista e individualista que conduz inexoravelmente à cultura do descarte (…); significa assumir o presente na sua situação mais marginal e angustiante e ser capaz de ungi-lo de dignidade”. (FT 188)
Este ano, a Covid-19 contribuiu para aumentar as sombras sobre o nosso mundo. Porém, uma grande luz se acendeu quando, finalmente, se concretizou o evento A economia de Francisco, que a partir de Assis juntou milhares de jovens economistas, para propor ao mundo um novo modelo de economia: mais sustentável, inclusiva e atenta aos últimos.
Cada homem é como uma vela com potencial para iluminar não só a sua própria vida, mas a de muitos irmãos. Basta acendê-la no fogo que Jesus veio trazer à terra, para que ela alastre pelo mundo inteiro, como é seu desejo (cf: Lc 12, 49).
Natal, festa da Luz. Não de luzes, mas da Luz que une, aproxima e aquece no meio dos nossos condicionalismos.
Santo Natal e um novo Ano, sob a estrela da luz, da esperança e da paz.