Como pode um Deus, bom e misericordioso, tomar a nossa condição humana, de pessoas pecadoras?
Somos pessoas, humanas, fragilizadas pelo pecado original, mas não só, somos frágeis, porque nem sempre bebemos da fonte que nos torna fortes e vigorosos, porque muitas vezes temos medo de fazer a experiência de nos deixarmos amar por um Deus que tudo dá, sem pedir nada em troca: dá-se totalmente, entregando a sua vida por amor, por nosso amor!
Aproxima-se um tempo propício, tempo de Advento (de quem espera que algo de bom aconteça, chegue), um tempo para refletir e preparar o acolhimento deste Deus Amor, que se torna pequenino, toma a nossa condição humana, experimenta a pobreza e a rejeição dos homens daquele e do nosso tempo. Não temos espaço para acolher Jesus, deixá-lo entrar no nosso coração, deixar que Ele cresça, que nos alimente e nutra. Que, com o seu toque nos encha de suas virtudes, com a sua delicadeza aprendamos a acolher e amar os homens, de um modo especial os pobres (os pecadores, os cegos, os coxos, os cobradores de impostos, a mulher cananeia, os leprosos, o jovem rico, a mulher adúltera, os que faziam o caminho de Emaús, discutindo e não dando lugar ao acolhimento de quem os acompanhava). Hoje a pobreza de mulheres e crianças traficadas, a escravatura sexual, famílias desarreigadas da sua história, barcos afundados, campos de refugiados…
Continuamente, somos convidados a desinstalarmo-nos, a deixar cair máscaras, inseguranças, armaduras, que nos impedem de sentir, de tocar, de ver o essencial, como dizia Antoine De Saint Exupery :“O essencial é invisível aos olhos. Só se vê bem com o coração”.
Preparemos o nosso coração para acolher este Deus, que se faz próximo de nós, que quer caminhar ao nosso lado, que espera a adesão do nosso coração e da nossa vontade ao seu projeto de amor. Só quem se atreve a fazer esta experiência de amor é capaz de amar e de levar este amor ao próximo, aquele que está ao nosso lado e ao próximo que vem de longe.
Peçamos ao Senhor da Vida a graça de O acolhermos com um coração aberto à sua Palavra, que nos deixemos transformar por ela e que a nossa vida seja testemunho dessa verdade, na coerência da nossa vida e da nossa entrega.
Que sejamos homens e mulheres do SER, que dá sentido ao nosso fazer!