Não Matar, Primo Mazzolari
Se formos um mundo sem paz, a culpa não é deste ou daquele, mas de todos. Se depois de vinte séculos de Evangelho, ainda somos um mundo sem paz, os cristãos também têm a sua culpa.
Todos temos pecado e continuamos todos os dias a pecar contra a paz. Se alguém tem a ousadia de desmarcar-se desta culpabilidade para a fazer recair sobre o adversário peca ainda mais, porque, ao envenenar os ânimos, cria muros e separações com a sua hipocrisia.
Se a culpa do mundo sem paz é de todos e, particularmente, dos cristãos, a obra da paz tem de ser um trabalho comum, no qual os cristãos devem ter um papel específico, como específica é a sua responsabilidade.
Cada esforço em favor da paz tem o seu valor: seja quem for que o fizer, é digno de respeito e benevolência. O político pode fazer escolhas ou avançar exigências, mas o cristão nunca fará isso. O cristão só pode recusar o mal, a fim de compor universalmente todas as coisas boas.
A paz é um bem universal e indivisível: dom e fruto dos homens de boa vontade.
A paz nunca se impõe (“Não vo-la dou como a dá o mundo”); a paz, oferece-se (“deixo-vos a paz”). Ela é o primeiro fruto daquele mandamento sempre “novo”, que a germina e guarda: “Dou-vos um mandamento novo: amai-vos uns aos outros”.
Foto da capa: Estudante da Escola Ucraniana de Riga. Esta escola na Letónia já acolheu mais de 130 crianças refugiadas da guerra na Ucrânia. 22/03/2022 EPA/Toms Kalnins.