São Pedro de Alcântara

Gostaria de saber “cantar” a história da vida de um santo, que foi frade franciscano antes de ser santo. No batismo recebeu o nome de Juan de Gerabito y Vilela de Senabria, no ano de 1499. A sua história não é a de uma criança que tenha sido santa já no ventre materno. Vou apresentá-lo como um homem normal, um frade franciscano que fez grandes reformas na sua ordem, em Espanha e em Portugal.

Nasceu no seio de uma família nobre. Foi aluno brilhante de leis na Universidade de Salamanca. Por razões que não conhecemos, abandonou os estudos académicos e fez-se frade franciscano, no ano de 1515, no Convento de São Francisco de los Majarretes, perto de Valência de Alcântara, e inicia um novo capítulo da sua jovem história, com o nome de frei Pedro de Alcântara. Estudou a vida e a regra dos frades menores e preparou-se para receber a ordenação sacerdotal, com 25 anos de idade, no ano de 1524. Com a ordenação sacerdotal torna-se um frade inquieto e reformador.

No ano de 1539, viaja para Portugal com a intenção de ajudar o seu confrade e familiar frei Martinho de Santa Maria Benavides (a viver na serra da Arrábida) no firme propósito de reformar a vida franciscana a que dera início. Foi mestre de noviços e superior no Convento de Palhais de 1542 a 1544. Frei Martinho morre no ano de 1546. Agora é frei Pedro de Alcântara o responsável por continuar a reforma de frei Martinho.

Na Serra da Arrábida escreveu os estatutos e ajudou a fundar uma série de Conventos dos Arrábidos ou Capuchos como eram designados em outras partes do País.

No ano de 1555, deu início à reforma dos Frades Menores, mediante a regra dos “alcantarinos”, hoje designada de “estreita observância”. Ei-lo agora a levar a bom termo, nos vastos domínios da Península Ibérica, os projetos da sua visão da espiritualidade franciscana.

São Pedro de Alcântara foi um visionário na linguagem da sua pregação; foi um notável místico no seu despojamento espiritual. Foi amigo e confessor de Santa Teresa de Ávila a quem terá ajudado na reforma da Ordem das Carmelitas, com a colaboração de São João da Cruz. Legou-nos a obra Tratado de Oração e Meditação que terá inspirado São Francisco de Sales.

Na crónica diz-se que este ilustre religioso dormia muito pouco. Foi um frade atento às necessidades dos irmãos que viviam, em autenticidade, as reformas que propunha.

São Pedro de Alcântara não se importa com os movimentos superficiais que agitam os limitados. Ele olha para mais longe, tem como horizonte da sua existência a vivência do Infinito e, por isso, é o padroeiro daqueles que estão em sintonia adorando o Santíssimo Sacramento durante a noite.


Foto da capa: São Pedro de Alcântara, painel de azulejos no Convento da Arrábida. Foto MSA, 2018.

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