Santo António, Menino do Coro

As representações tradicionais de Santo António apresentam-no como frade franciscano, com os atributos que foram sendo acrescentados ao longo dos séculos: o livro, sinal de sabedoria; a cruz, referência ao cristocentrismo franciscano; a açucena, símbolo de pureza; e o Menino ao seu colo, alusão ao milagre da aparição do Menino Jesus a Santo António no final da sua vida.

Já no século XIX surge a imagem de Santo António com o saco do pão, expressão da devoção antoniana do pão dos pobres e da caridade franciscana.

Porém, existem outras representações menos comuns de Santo António, que nos recordam que o Santo nasceu em Portugal e aqui viveu cerca de dois terços da sua vida.

Temos assim a imagem de Santo António, com o Menino Jesus ao colo, mas com as vestes de Cónego Regrante de Santo Agostinho, ordem religiosa que abraçou antes de se tornar franciscano: “túnica branca, sobrepeliz de linho, redonda e ampla, que pode ser, no máximo, até aos joelhos, e murça preta, apertada apenas por um botão” (1).

Outras imagens remetem para a infância de Santo António, ainda Fernando de Bulhões, quando era Menino do Coro na Catedral de Lisboa, local onde iniciou os seus estudos. Neste caso, Santo António, por vezes com o Menino ao colo, veste uma túnica vermelha e roquete ou sobrepeliz.

Esta representação de Santo António é comum nas Catedrais portuguesas, lembrando um dos seus primeiros milagres, ocorrido na Sé de Lisboa, quando, ainda menino do coro, imprimiu com o dedo uma cruz na pedra para afugentar o demónio que o atormentava. No entanto é sobretudo uma iconografia catequética, exaltando a vida de um jovem de boas famílias e as opções que tomou e que o tornaram um dos santos mais conhecidos do mundo.

(1) AZEVEDO, Carlos Moreira, Estudos de Iconografia Cristã, Fundação Manuel Leão, Vila Nova de Gaia, 2016, p. 252

Foto da Capa: Imagem de Santo António Menino do Coro, séc. XVIII-XIX. Sacristia da Sé de Lisboa. Foto @Leonor Wagner Alvim.

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