Santo António, a COVID-19 e nós

O título pode parecer caricato: o que tem a ver Santo António, que viveu há 800 anos, com o vírus que está a atacar a nossa humanidade, semeando pânico, dor e morte?

Estamos no ano do Jubileu dos Santos Mártires de Marrocos e da vocação franciscana de Santo António: um evento que movimenta muitas pessoas e muitas instituições. Porém, mal havia começado, o programa ficou bloqueado, devido ao coronavírus. Só agora, no mês de junho (o mês de Santo António), é possível, depois de refletir sobre o acontecido, retomar os fios do programa enxertando-o no nosso quotidiano, ainda marcado pelas consequências do vírus.

O que é, então, que Santo António nos quer sugerir nesta circunstância? Qual é a lição que podemos tirar desta paragem forçada devida à pandemia?  A resposta surge, de forma indireta, da carta que o Papa Francisco enviou aos confrades de Santo António:

Desejo – diz o Papa – que os franciscanos e os devotos de Santo António espalhados por todo o mundo experimentem a mesma santa inquietação que conduziu António a percorrer os caminhos do mundo para testemunhar, com a palavra e as obras, o amor de Deus. O seu exemplo de compartilhar as dificuldades das famílias, dos pobres e dos desfavorecidos, bem como a sua paixão pela justiça e pela verdade, possa despertar, ainda hoje, um compromisso generoso de entrega, como sinal de fraternidade. Penso sobretudo nos jovens: este Santo antigo, mas tão moderno e genial nas suas intuições, possa constituir para as novas gerações um modelo a seguir, de modo a tornar fecunda a caminhada de cada um.

A lição que esta pandemia nos traz é dupla: a consciência da nossa fragilidade e a necessidade de juntarmos esforços para combater todo o género de vírus, não apenas os que atacam o corpo, mas também os que atingem a mente, a alma e o coração. É necessário mudar a nossa forma de viver e de nos relacionarmos. É necessário encontrar a verdadeira Sabedoria que vem do alto deixando-nos guiar por ela.

Santo António, quando o barco que o transportava para realizar o seu desejo de ser missionário em Marrocos naufragou, não se revoltou contra a má sorte ou contra o Senhor, mas entendeu que, em vez de teimar no seu propósito de ser missionário, devia antes deixar-se conduzir por Deus seguindo a Sua vontade. Foi assim que se tornou missionário e que a sua vida se tornou fecunda. Portanto, também para nós: nenhum medo e nenhum desânimo, mas a certeza de que, em Cristo e como Ele disse, podemos vencer a batalha da nossa vida e do nosso mundo.

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