S.A.G. – Santo António te Guie

De entre os muitos padroados de Santo António, hoje destacamos Santo António como protetor da correspondência.

Era costume colocar nos sobrescritos as iniciais S.A.G. (Santo António te Guarde ou te Guie) ou R.S.A (Recomendada a Santo António), para que a correspondência chegasse ao destino com a proteção do Santo. No século XIX, em Portugal, Espanha e Argentina (entre outros), foram criadas vinhetas com estas iniciais, que eram coladas junto dos selos do correio.

A origem da tradição não é clara, sendo atribuída por alguns autores ao milagre descrito nas Florinhas de Santo António, que se deu com o próprio Santo, quando, em 1231, escreveu ao seu provincial a pedir que o isentasse da pregação para se entregar à oração, mas a carta desapareceu misteriosamente da cela, embora tenha recebido resposta pouco tempo depois.

Outros autores referem um milagre atribuído a Santo António que se passou entre Espanha e o Perú, em 1729. Um comerciante de Oviedo (Astúrias) emigrara para Lima, no Perú, onde tinha os seus negócios. A sua mulher tinha-lhe escrito vária cartas, mas começou a ficar preocupada porque não recebia qualquer resposta. Foi então à Igreja de São Francisco de Oviedo, onde se venera uma antiga imagem de Santo António. Fez as suas orações e colocou na mão do Santo uma nova carta dirigida ao marido, suplicando a Santo António que a fizesse chegar ao destino.

No dia seguinte, verificou que a carta permanecia na mão do Santo lamentando-se em voz alta, o que chamou a atenção do sacristão que veio inteirar-se do que estava a acontecer. A mulher explicou o sucedido e o sacristão pediu para que esta recolhesse a carta, pois ele próprio já o tinha tentado fazer, mas não tinha conseguido. E a pobre mulher, sem qualquer dificuldade, retirou a carta da mão do Santo, mas ao mesmo tempo várias moedas de ouro caíram a seus pés.

O sacristão admirado foi chamar os padres do convento, que presenciaram à leitura da carta que a mulher tinha na mão. Era a resposta da que enviara ao seu marido, onde este manifestava a estranheza de nunca mais ter recebido cartas da mulher, tendo ficado muito feliz quando finalmente recebeu a carta que lhe foi entregue por um frade franciscano. Dizia ainda que mandava a resposta pelo mesmo frade, tendo enviado ainda 300 moedas de ouro para que não tivesse qualquer necessidade até ao seu regresso.

Consta que esta carta ainda está guardada em Oviedo

Foto da capa: Vinhetas MA.FIL.0011 e MA.FIL.0020. Em exposição no Museu de Lisboa – Santo António

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