Pregai o Evangelho a toda a criatura

A Palavra de Deus

Naquele tempo, Jesus apareceu aos onze e disse-lhes: 
“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo;  mas quem não acreditar será condenado. Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem:
expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes  ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal;
e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”.

E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhos cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.

Mc 16, 15-20

A palavra de Santo António

Ide por todo o mundo. O género humano tem algo em comum com toda a criatura: anjos, animais, árvores, pedras, fogo e água, frio e quente, húmido e seco, porque o homem chama-se microcosmos, isto é, um mundo em miniatura. Chama-se mundo por estar sempre em movimento. O mísero homem, desde o principio da vida até ao fim, está sempre em movimento, nunca descansa; a não ser quando chegar ao seu lugar, a Deus.

“Senhor, diz Santo Agostinho, o meu coração está inquieto enquanto não descansar em Ti. O lugar do homem é Deus; nunca a paz está fora dele, e, por isso, a Ele deve voltar”. 

É bom, portanto, pregar o Evangelho a toda a criatura! Criar é fazer alguma coisa do nada. O homem, quando está em pecado mortal é nada, porque Deus, o verdadeiro ser, não está nele pela graça… mas quando pela graça de Deus se converte à penitência, as coisas velhas afastam-se e tornam-se novas em Cristo.

E eis os sinais que acompanharão os que acreditarem. Antes, faziam-se sinais para converter os infiéis; agora, porém, por termos crescido na fé, os sinais cessaram. Nós também, quando plantamos arbustos, só lhes deitamos água até se fixarem bem na terra.

Ascensão do Senhor

Aprofundemos

Dos três evangelhos que a liturgia nos oferece para a festa da Ascensão do Senhor, António comenta extensivamente o de Marcos, em particular duas passagens: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura” e “Eis os milagres que acompanharão os que acreditam”.

Quais são, para António e para nós, todas as criaturas?

E onde estão os milagres, que Jesus prometeu aos discípulos e a nós?

O homem e o mundo, a paz do coração, a nova criatura O homem, escreve António, é um mundo em miniatura, um “microcosmos”, que tem em comum os quatro elementos (ar, água, terra e fogo) com todas as criaturas, a vida com as plantas e os animais e o céu com os anjos. Proclamar o Evangelho a toda a criatura, portanto, significa amar e respeitar cada ser, “de acordo com a própria espécie” (Gn 1).

O homem, escreve ainda o Doutor Evangélico, está sempre, como o cosmos, em movimento e não encontra verdadeira paz de coração, senão em Deus. De facto, quando alguém se converte de uma vida de pecado para uma de graça, então torna-se uma nova criatura em Jesus Cristo.

Porquê – pergunta António – hoje em dia, já não se vêem os milagres que Jesus prometeu?

Os milagres, diz António, retomando um pensamento de São Gregório Magno e de São Paulo, foram destinados a implantar a fé; uma vez que ela cresceu, os milagres já não são mais necessários. Mas, São Gregório vai ainda mais longe: quando os fiéis abandonam uma vida má, ajudam os que duvidam e removem a malícia do seu coração, estão a realizar verdadeiros milagres, maiores ainda do que os milagres físicos. Os milagres da caridade são ocultos, mas certos; e se a glória for menor, a recompensa será maior.

A Ascensão de Jesus. Pintura de Pietro Perugino (1448-1523), Museu das Belas Artes de Lyon.


Foto in Vittoria Garibaldi; Perugino. Catalogo Completo. Octavo, Firenze 2000 | Wikimedia Commons.

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