Frei Paride é um jovem frade, estudante de teologia, em Assis, tem 28 anos e é originário de Pescara, Itália. Quando acabou de se licenciar em filosofia, opta pela vida consagrada, depois de uma atormentada procura interior, humana, intelectual e espiritual.
Caro frei Paride, porque razão um jovem se faz frade?
É muito difícil contar as “razões” da própria vocação. Talvez porque a razão pela qual alguém “se torna” consagrado é sempre e só uma, a vontade do Pai.
E sempre achaste que Deus te chamava à vida consagrada?
Não. Embora tenho sido batizado e recebido, em criança, a primeira Comunhão, a minha relação com a igreja acabou precocemente. Com a idade de cerca de 10 anos, decidi logo e de modo claro, que não frequentaria mais a paróquia.
A minha vida passava serenamente ao longo da minha juventude. Embora cheio de perguntas e interrogações, aplicava-me de forma séria em tudo aquilo que me interessava, mas, com a idade de 19 anos, qualquer coisa dentro de mim mudou. Estava para concluir o ensino secundário e, de repente, aquilo que antes me parecia normal fazer parte da minha vida, tornou-se um peso e privado de uma “razão” válida. Foi como se uma cortina se tivesse rasgado! De repente, percebi que o mundo em que vivia não passava de uma cena teatral.
A trama era enfadonha e o realizador ausente. Em poucos meses, a escola, o desporto e o divertimento esvaziaram-se e apareceram-me como uma espécie de grande passatempo sem um objetivo último que os preenchesse de sentido e de valor. Esta perspetiva insípida sobre a realidade lançou-me numa espécie de estado depressivo, que me levou a isolar-me e a procurar em mim mesmo as respostas que me faltavam. Mas sozinho não encontrava uma resposta.
Então necessitaste de ajuda para conhecer a vontade do Senhor?
Sim, sem a ajuda de outras pessoas não chegava lá. Enquanto vivia esta feroz batalha interior, conheci, quase por acaso, um curioso personagem: um frade do convento de Santo António de Pescara. Foi assim que, pela primeira vez na minha vida, comecei a ouvir Jesus e sobretudo alguém que me dizia que o tinha encontrado. Os anos que se seguiram foram difíceis. Embora tendo recebido com aquele encontro uma espécie de “consolação espiritual”, a fadiga de ter que aceitar, sem nenhuma perspetiva posterior, a lógica do mundo, afligia-me terrivelmente. Posso dizer que continuei, de certo modo, a esboçar, prosseguindo, entre as outras coisas, a universidade de Filosofia. O Senhor – de que ouvira falar – continuava em silêncio, como um desconhecido.
Quando se deu a passagem decisiva na tua história vocacional?
As coisas mudaram aos 24 anos, durante os últimos meses de estudo, antes da discussão da tese. Uma noite, enquanto tentava desesperadamente trabalhar, o Senhor fez-me perceber a sua presença real na história, através de uma Sua Palavra. Desfolhando ao acaso a Bíblia, passando os olhos sobre uma passagem de Isaías, percebi que o Senhor estava ali presente e estava a falar comigo. Tinha-me falado dizendo-me simplesmente que eu era «seu servo».
Foi então que, compreendendo quem era eu aos olhos de Deus, compreendi a Sua vontade sobre mim. E cerca de uma semana depois de ter discutido a tese, a 2 de Dezembro de 2013, pedi para entrar no convento.
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