Folha semanal da Paróquia de Santo António dos Olivais, Coimbra
LÁZARO, SAI PARA FORA!
O episódio evangélico da morte e ressurreição de Lázaro não podia calhar num momento mais oportuno do aquele que estamos a viver nestes dias. Assustados e receosos pela morte que pode bater à nossa porta, somos interpelados sobre a nossa vida, o seu significado, o seu princípio e o seu fim. Muitas coisas passam pela nossa cabeça, mais ainda pelos nossos olhos… corremos o risco de ficar confusos e cair na rede de vírus ainda piores do que a COVID-19.

Nesta situação, ressoa com força o grito de Jesus: Lázaro, sai para fora!. O que é que Jesus quer dizer, com este grito, a cada um de nós, nesta circunstância concreta que estamos a viver?
Ermes Ronchi, no seu comentário a este episódio refere: “Uma força percorre todas as palavras da narração: não é a vida que vence a morte, pois a morte vence e engole a vida; pelo contrário, aquilo que vence a morte é o amor.
Todas as pessoas presentes naquele dia em Betânia deram-se conta disso: olhai como o amava, dizem, admirados. E as irmãs alcunham um nome belíssimo para Lázaro: Aquele-que-Tu-amas. O motivo da ressurreição de Lázaro é o amor de Jesus, um amor até às lágrimas, até ao grito altivo: sai para fora! As lágrimas de quem ama são a mais poderosa lente de ampliação da vida. Vê através de uma lágrima e compreende coisas que nunca poderá aprender nos livros.
(…) Lázaro, sai para fora! Fora para o sol, fora para a primavera. E di-lo a mim: sai para fora da gruta negra dos arrependimentos e das desilusões, dos olhares só para ti mesmo, do sentires-te o centro das coisas. Sai para fora, repete à borboleta que está em ti, encerrada dentro da lagarta que acreditas ser… Desatai os mortos da sua morte: libertai-vos todos da ideia de que a morte é o fim de uma pessoa. Libertem-no, como se libertam as velas ao vento, como se desatam os nós de quem está dobrado sobre si mesmo, os nós do medo, os emaranhamentos do coração. Libertem-no de máscaras e medos!”.
A ORAÇÃO DO PAPA
pelas pessoas afligidas pelo coronavírus e pelo medo.
“Nestes dias de tanto sofrimento, há muito medo. O medo dos idosos, que estão sozinhos, em lares ou no hospital ou em casa e não sabem o que vai acontecer.
O medo dos trabalhadores desempregados que pensam como alimentar seus filhos e veem a fome que está a chegar.
O medo de tantos operadores sociais que, neste momento, estão a dar tudo, mesmo pondo em risco a própria saúde, para que a sociedade vá para frente.
E, também, o medo – os medos – de cada um de nós, sejam eles quais forem.
Rezemos ao Senhor para que nos ajude a confiar, suportar e superar os medos”.
Cântico franciscano a Maria contra a peste e as epidemias
Um frade franciscano achou, na Itália, uma oração apropriada para o tempo que estamos a viver. A sua origem tem uma história que toca de perto a nossa cidade de Coimbra.
Corre o ano de 1317: Coimbra está assolada pela peste. O misterioso e terrível mal está a fazer desastres e o medo reina soberano. O temor chega também entre as clarissas do mosteiro de Santa Clara a Velha. A oração é perturbada pela angústia, aumentada ainda mais pelo facto de todo o mosteiro estar circundado por doentes. A abadessa está preparada para a situação extrema: abrir as grades e deixar que as monjas encontrem reparo noutro lugar, suspendendo a clausura.
É neste momento extremo – continua a Fonte franciscana – que alguém bate à porta do mosteiro. A porteira abre e eis que diante dos olhos está um mendigo esfarrapado; as irmãs notam a extrema semelhança do desconhecido com São Bartolomeu. A personagem misteriosa conforta-as e entrega-lhes uma carta dizendo: “Recitem esta oração, a Virgem vos protegerá”. As religiosas abrem a carta e encontram escrito (em latim) “Stella coeli extirpavit…”. A partir daquele momento, as irmãs rezaram diariamente a oração e, maravilha, no mosteiro e nos arredores cessou todo o perigo de contágio.
Eis a tradução do texto da oração:
“A estrela celeste que amamentou o Senhor extirpou a mortal peste que o pai dos homens levou ao mundo. A mesma estrela se digne de aplacar o céu que colérico aflige o povo com as cruéis pragas mortais. Estrela piíssima do mar, socorre-nos contra a peste. Escuta-nos: nada, de facto, o teu Filho nega àqueles que honram aquela que agora ainda te suplica”.
A Paróquia de Santo António dos Olivais lembra:
– Todas as celebrações com participação dos fieis, estão suspensas.
– A igreja de Santo António fica aberta das 8h30 às 18h30, para a oração e a meditação pessoal.
– A comunidade dos freis celebra, na igreja e de portas fechadas e sem participação dos fieis, uma única Missa, nos dias de semana, às 8h.
Na oração eucarística terá presentes todas as pessoas da comunidade.
– Aos Domingos, a Missa é celebrada, às 10h com transmissão no link: santoantonio.live e no Facebook Associação Cultural Mensageiro de Santo António para permitir às pessoas de se unirem em oração.
– O nosso Bispo celebra a Missa dominical às 9h, na Capela da Casa Episcopal. É transmitida pela rede social Facebook, na página da Diocese de Coimbra.
– Quem deseja receber a Sagrada Comunhão ou outros sacramentos, contacte diretamente os Freis.
– Os Freis atendem, no Cartório à entrada da Igreja, asseguradas as devidas condições de segurança e distanciamento social, no horário de costume, de segunda a sábado das 15h30 às 18h30.
– Para contactar os freis, utilizar:
casa: 239 713 938
igreja: 239 711 992
e-mail: santoantonioolivais@gmail.com
Oração especial do Papa Francisco
na praça de São Pedro, em Roma, na tarde do dia 27.03.2020
Acorda Senhor! Não nos deixes entregues à tempestade que nos envolve!
Abençoa o mundo, dá saúde aos corpos e consolo aos corações.
Tu nos pedes para não termos medo. Mas a nossa fé é fraca e temos medo. Mas tu, Senhor, não nos deixes entregues à tempestade.
Há já umas semanas que a noite parece ter caído sobre nós. Uma densa escuridão espalhou-se pelas nossas praças, ruas e cidades; ela entranhou-se nas nossas vidas enchendo-as com um silêncio ensurdecedor e um vazio desolador; e, agora, encontramo-nos cheios de medo e perdidos, no meio de uma tempestade inesperada e furiosa.
Damo-nos conta, porém, que estamos todos no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas, ao mesmo tempo todos importantes e necessários, todos chamados a remar juntos.
Salva-nos, Senhor!
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