Paz e Alegria

A Palavra de Deus

À noite, nesse mesmo dia, o primeiro da semana,
e estando as portas fechadas,
ali onde se encontravam os discípulos, por medo dos Judeus,
veio Jesus, colocou-se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco!”
Os discípulos ficaram cheios de alegria vendo o Senhor.
Disse-lhes então de novo: “A paz esteja convosco!
Assim como o Pai me enviou,
Também eu vos envio.”
Tendo dito isso, soprou e disse-lhes:
“Recebei o Espírito Santo.
Aqueles a quem perdoardes os pecados,
Ser-lhes-ão perdoados;
Aqueles a quem os retiverdes,
Ser-lhes-ão retidos.

João 20, 19-23

A palavra de Santo António

A alegria − A ressurreição de Cristo é simbolizada pelo azeite, que fica por cima de todos os líquidos. A alegria que os apóstolos tiveram na Ressurreição de Cristo foi maior do que todas as alegrias que tiveram com ele quando era ainda mortal. A glorificação dos corpos, com efeito, ultrapassará toda a alegria.
“À noite, parará o pranto e de manhã chegará a alegria” (Salmos 29, 6). De noite foi a morte de Cristo; de manhã a sua Ressurreição que encheu de alegria os seus discípulos.

A paz − Notarás que há uma tripla paz: a do tempo, como para Salomão (1R 4, 14). A do coração: a alma fiel está em paz quando emigra dos vícios para as virtudes, quando se mantém fiel aos mandamentos divinos, e é preenchida pela consolação do Espírito Santo. A terceira é a paz da eternidade, de que diz o salmo: “Ele mantém o teu país na paz (Salmo 147, 14). A primeira paz, deves vivê-la com o teu próximo; a segunda, contigo mesmo, a terceira com Deus no céu.

O perdão − “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (João 20, 22-23).
Pedro é “como um verme da madeira muito tenro (cf. 2 R 23, 8), tenro quando se lhe toca, forte quando é ele a tocar. Pedro ensinava a misericórdia: “Sede misericordiosos, humildes, não pagueis o mal com o mal, nem o insulto com o insulto… “ (1 P 3, 8-9) , mas castigai a mentira: “Não é aos homens que mentiste, diz a Ananias, mas a Deus” (Atos, 8, 20).

Aprofundemos

“O espírito de Pentecostes é um espírito de conversão”.

Santo António interpreta de modo original o anúncio do profeta Ezequiel: “Espalharei sobre vós uma água pura e sereis purificados de todas as vossas nódoas.” Insiste de facto nos nossos esforços de conversão a propósito de Cristo trespassado pela lança do soldado. O rochedo em que Moisés bateu e de que saiu água com sangue é para ele o chamamento à nossa conversão. “O rochedo designa o coração endurecido; se o bastão da contrição lhe bater, derrama a água das lágrimas. Pica os olhos, sairá uma lágrima; pica o coração, sairá a sabedoria”.
António dá um sentido importante às lágrimas vertidas na dor ou no arrependimento. Assim a epístola aos Hebreus lembra que Cristo, tomando a nossa natureza, se manteve na dor: “Cristo ofereceu-se com um clamor violento e lágrimas (Hebreus 5, 7)”. E enquanto junta os fiéis pela palavra e pelo exemplo, “o justo descobre as lágrimas na solidão do seu espírito, porque da compaixão do próximo irrompe a compunção das lágrimas”.
E para António, as lágrimas do arrependimento são como um rio de fogo que purifica e aquece aquele que chora do fundo do seu coração. Pensa evidentemente nas lágrimas vertidas pela pecadora sobre os pés de Jesus: “No coração de Madalena, havia um grande fogo de amor.” Foi por isso que derramou lágrimas muito quentes! Pôs-se a banhar-lhe os pés com as suas lágrimas. Acrescenta santo António que as suas lágrimas foram um rápido rio de fogo porque destruíram todos os seus pecados. “Os seus muitos pecados foram-lhe perdoados, porque mostrou muito amor”.

 

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