A Igreja de Jesus Cristo nasce da sua Páscoa. Os discípulos são as suas testemunhas (mártires, em grego). O mártir dá testemunho até ao derramamento do sangue, se for necessário.
Quando se fala de mártires, logo pensamos em outros tempos, de um passado longínquo, mas não é bem assim: hoje, os mártires que derramam o seu sangue são mais numerosos do que nos primeiros séculos do cristianismo, quando a Igreja era considerada uma seita desestabilizadora da sociedade. Em várias partes do mundo, há autênticas perseguições contra os cristãos.
O Papa Francisco, numa das suas catequeses a seguir a Páscoa, afirmou:
Os mártires não devem ser vistos como “heróis” que operaram individualmente, como flores desabrochadas no deserto, mas como frutos maduros e excelentes da vinha do Senhor, que é a Igreja. Eles moldaram a sua vida conforme o exemplo do Senhor Jesus que deu a sua vida por eles e, portanto, também eles podiam e deviam dar a vida por Ele e pelos irmãos.
Os mártires mostram-nos que cada cristão é chamado a testemunhar com a vida, fazendo de si próprio um dom para Deus e para os irmãos, a exemplo de Jesus. O Papa Francisco, na referida catequese, realçava ainda um pormenor significativo:
Os mártires, à imitação de Cristo e com a sua graça, transformam a violência de quem os rejeita, numa ocasião suprema de amor, que chega ao perdão dos próprios carrascos. Deveras interessante: os mártires oferecem sempre o perdão aos próprios perseguidores. Estêvão, o primeiro mártir, morreu dizendo: “Senhor, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.
Hoje, assistimos, com mágoa e vergonha, a cristãos que entram em guerra uns contra os outros e parece não terem remorsos de cometer os crimes mais horrendos. Perguntamos: como é isto possível?
O Papa Francisco, que sempre denuncia qualquer guerra, violência e abuso contra a pessoa humana, terminou a referida catequese com esta oração:
Oremos ao Senhor para que não nos cansemos de dar testemunho do Evangelho também em tempo de tribulação. Que todos os santos e santas mártires sejam sementes de paz e de reconciliação entre os povos para um mundo mais humano e fraterno, na espera que se manifeste em plenitude o Reino dos Céus, quando Deus será tudo em todos (cf. 1Cor 15,28).
Foto da Capa: Manifestação de apoio à Ucrânia.Montevidéu, Uruguai, 2 março 2022. Foto EPA/Raul Martinez