Este é o mês dos Santos Populares (Santo António e S. João) e dos bailaricos, de S. Pedro e S. Paulo; mas, uma vez que a pandemia não nos permite tais folias, que tal se fôssemos até ao outro lado do mundo ao encontro do jovem Beato André, primeiro mártir do Vietname?
Beatificado por João Paulo II, a 5 de março de 2000, André nasceu na província vietnamita de Phú Yên, em 1625/1626, e foi batizado aos 15 anos de idade pelo missionário jesuíta Pe. Alexandre de Rhodes. Este, reconhecendo o bom coração e a inteligência do jovem, imediatamente fez dele um dos seus mais próximos colaboradores. Assim, e após um ano de formação, o Pe. Alexandre convida o jovem André a tornar-se membro da associação de catequistas “Maison Dieu” (“Casa de Deus”), por si fundada. Uma das características desta associação era o “juramento” que os seus membros faziam em ordem a uma dedicação plena e definitiva ao serviço da evangelização. André aceitou tal desafio ao fazer o seu voto de castidade, a 31 de julho de 1643.
Aquele era um período em que o Cristianismo e a ação evangelizadora dos Jesuítas eram alvo de duras perseguições por parte das elites chinesas. O Pe. Alexandre acabou por receber ordem de expulsão do país, em julho de 1644, às ordens de Ong Nghe Bo, um alto funcionário chinês incumbido pelo rei de Annam de travar a expansão do Cristianismo entres os habitantes chineses daquela região de Cochim. Mas, em vez de fugir, o Pe. Alexandre foi visitar o governador e depois dirigiu-se para a prisão, para prestar auxílio a um seu companheiro catequista, muito idoso, que, entretanto, já havia sido capturado. Ao mesmo tempo, a sua casa era alvo de buscas pelos soldados do mandarim, que procuravam outro seu companheiro jesuíta. Contudo, e dado que este havia partido em missão, os soldados acabaram por encontrar, amarrar, espancar e prender o jovem André, levando-o para o palácio de Ong Nghe Bo.
A 25 de julho de 1644, na presença do mandarim, André resiste às ameaças e tentativas de o fazer abjurar, respondendo que estava mais preparado para suportar qualquer sofrimento do que para renegar a Lei de Deus. O governador acabou por o voltar a prender e condenar à morte. Assim, a 26 de julho de 1644, o jovem André é levado para fora da cidade de Ke Cham, fazendo um verdadeiro “caminho do Calvário” de que foram testemunhas o próprio Pe. Alexandre, bem como muitos outros cristãos e até pagãos, rendidos à inflexibilidade, coragem e tranquilidade com que André enfrentava a morte.
Quando estava prestes a ser decapitado, ainda conseguiu gritar o nome de Jesus… Assim terminava, aos 19/20 anos, a vida deste jovem totalmente apaixonado e dedicado à catequese e à formação de novos cristãos.
João Paulo II, no dia seguinte à celebração da beatificação de André de Phú Yên e de mais 43 mártires, diria aos peregrinos que acorreram a Roma por aqueles dias:
O Beato André, cujo zelo ardente permitiu que o Evangelho fosse proclamado, arraigado e desenvolvido, dê a todos os catequistas a audácia de serem autênticas testemunhas da fé, através duma vida inteiramente dedicada a Cristo e aos irmãos!
Como curiosidade, também neste mês (dia 1), outra cidade vietnamita (Hung Yen, na região do Tonquim) faz memória de um outro mártir: São José Tuc (1843-1862), jovem agricultor que, no tempo do imperador Tu Duc, foi preso e torturado várias vezes, desta feita por se recusar a calcar a cruz, acabando por morrer degolado… “Sangue de mártires é semente de cristãos”.