Artigo de Inês Santos e Gonçalo Oliveira
A 10 de outubro de 2021, o Papa Francisco deu início a um sínodo que se prolongará até 2023, exatamente sobre a temática da sinodalidade, o que poderá parecer uma enorme redundância.
A palavra sínodo surge da palavra grega synodos que significa “caminhar juntos” e que, para os católicos, se traduz numa reflexão conjunta sobre como poderemos construir um futuro de maior proximidade e partilha.
Dado que nem o corretor ortográfico reconhece a palavra “sinodalidade”, é expectável que as pessoas demorem a perceber qual o desafio que lhes foi colocado em mãos. Assim, como vou fazer agora, todos nós temos que ir aprendendo aos poucos a adicionar a sinodalidade ao nosso dicionário e, consequentemente, ao nosso dia-a-dia. A sinodalidade, como o seu sentido original indica, é a partilha de um caminho que cria proximidade, companheirismo e crescimento, e que nos leva em direção a um objetivo comum, o fortalecimento da nossa Fé.
“Trabalho de Equipa” será uma boa mnemónica para termos presente. Estamos a ser convocados para dar o nosso contributo, não só pelo testemunho da nossa vida e dos que nos rodeiam, mas também pela tomada da responsabilidade de agir na construção da Igreja. Para tal, teremos que ouvir, partilhar, discutir e arregaçar as mangas! Naturalmente que o nosso maior aliado, a oração, será o um dos motores de arranque para nos sintonizarmos àquela que é a vontade do Pai.
Não sendo a sinodalidade algo de leitura e prática simples, os vários grupos geracionais da Igreja foram chamados a dar a sua opinião sobre o panorama atual da Igreja neste “caminhar juntos”, dos quais os jovens não foram exceção. Depois de várias reflexões e momentos de partilha, estas são algumas das conclusões.

A sinodalidade ajuda o cristão a caminhar acompanhado e a não se sentir só
Mais do que ter alguém com quem fazer a caminhada, trata-se de momentos de entreajuda e partilha. Esse alguém é, em primeiro lugar, a família, seguindo-se os catequistas, os animadores, os freis e todos os paroquianos.
Todos os que chegam fazem parte da comunidade
Fazem parte da comunidade ‘todos os que chegam’, o que relembra a importância de uma Igreja aberta ao outro, aceitando-o na sua diferença. Não se trata apenas da disponibilidade para acolher, mas também para escutar e reavaliar as nossas razões e modos de fazer.
Devemos procurar tomar a palavra, participar e intervir, deixando de lado a inércia
As várias “visões” completam a visão geral da comunidade e enriquecem-na. É com elas que se preparam planos de ação a longo-prazo que vão influenciar a nossa vivência em comunidade. Da mesma forma, é importante avaliar as atividades que se realizam e as suas equipas, para que todos se sintam realizados nas tarefas que desempenham. Uma Igreja renovada é aquela que renova quem dela faz parte.
“Todos temos algo para aprender, cada um de nós tem algo a ensinar”
No final de contas, o “Cristianismo é humano e humanizador”. Num grupo de jovens, de mente aberta e espírito crítico, aberto à discussão e à diferença de caminhos, são mais as perguntas que nos surgem, do que as respostas.
Sentimo-nos em sínodo, a viver a fé, rumo ao Homem Novo
Na paróquia de Santo António dos Olivais, a caminhada não começou em outubro de 2021. São muitos os momentos em que podemos sentir já a sinodalidade: nos magustos; nos dias festivos de Santo António e de S. Francisco; durante a Vigília Pascal; nas Missas de domingo em que os freis adaptam a linguagem ao grupo que as dinamiza; em espaços criativos e de expressão de opinião como esta revista do Mensageiro de Santo António; nas reuniões do Conselho Pastoral Paroquial; no acolhimento aos refugiados e nas campanhas de solidariedade; e em tantos outros exemplos.
Os jovens são o presente da Igreja
Costuma-se dizer que os jovens são o futuro da Igreja. No entanto, podemos também pensar que somos, antes de mais, o presente da Igreja. Somos um presente pelos dons que temos, dons que somos convidados a colocar em prática no presente, hoje e todos os dias.
Como nos disse o Papa Francisco, em outubro de 2021, “Celebrar um Sínodo é sempre bom e importante, mas só é verdadeiramente fecundo se se tornar expressão viva do ser Igreja, de um agir marcado pela verdadeira participação. E isto, não por exigências de estilo, mas de fé”.
Foto da capa: Grupos de jovens Passo a Passo e Pedras Vivas, da Unidade Pastoral de Santo António dos Olivais, Coimbra, no retiro em conjunto, fevereiro de 2022. Foto MSA 2022.
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