O valor das coisas

A tristeza, por si só, não serve de nada se não for usada em algo que nos faça crescer e avançar na busca do que idealizamos e perseguimos na vida.

A partida de alguém que nos é próximo pode levar-nos a estagnar num sentimento paralisante de tristeza depressiva, mas também pode levar-nos a pensar nesse alguém de modo a perceber o que realmente importa na vida, já que não levamos nada de material daqui, nem o nosso próprio corpo corruptível.

A única saída que temos para sermos mais felizes é o despojamento, porque o que não levamos, embora possa servir aos que ficam, não passa de uma prisão que nos complica a vida.

Esse despojamento não é impossível, se relativizarmos o valor das coisas. Distinguir o que é essencial do acessório é também um bom exercício.

Cabe aos que ficam perceber quanto valiam as coisas para o que nos “deixou” e, eventualmente perceber se o seu legado foi meramente material, ou se foi de valores de outra natureza.

Se se concluir alguma coisa sobre a natureza desse legado, então sim, podemos dizer que “herdámos” algo. Resta distinguir de que natureza foi esse legado.

Se o legado foi apenas material, então o seu valor não representa essa pessoa, mas o que possuía e, assim, não levamos realmente NADA dela.

Se o legado tiver algo de princípios, então sim, herdámos algo de palpável dessa pessoa, que representa a própria pessoa.

Sem querer ser moralista, e aproveitando a ocasião, não posso deixar de intuir que também se trata de uma questão moral. Assim, cabe-nos a todos os que “herdámos” este legado de quem nos deixou pensar bem e aproveitar a oportunidade para o fazer render nas nossas vidas, servindo de vias para os que virão a seguir a nós e para os que connosco convivem.

Este confronto interior tem-me feito refletir um pouco mais sobre o que sou e como sou. À medida que o tempo passa e me aproximo da “minha vez”, penso cada vez mais que terei que fazer permanentemente o esforço para encontrar o equilíbrio necessário para fazer crescer e continuar estes exemplos dos que me antecederam, tanto na minha família de sangue, como na minha família legal.

Ajudemo-nos uns aos outros e tudo será mais fácil para cada um de nós…


Na foto, Jan Tater acende um candeeiro a gás na histórica ponte Carlos, em Praga, República Tcheca, dezembro de 2017. Todos os dias, ao anoitecer, durante o Advento, Jan Tater e o seu colega acendem os 37 candeeiros a gás da ponte medieval Carlos, uma atração para turistas. As primeiras lâmpadas de gás na ponte Carlos datam de 1848. EPA / MARTIN DIVISEK

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