O pão de Santo António

Um dos últimos atributos adicionados à iconografia de Santo António é o da distribuição do pão, que a partir do século XIX começa a surgir com frequência, relacionado com a oferta de alimentos aos mais necessitados, comum nas igrejas franciscanas e com o chamado pão de Santo António.

Postal ilustrado da editora União Missionária Franciscana, c. 1950. MA.ESP.DOC.0119
Postal ilustrado da editora União Missionária Franciscana, c. 1950. MA.ESP.DOC.0119

Conta a tradição de que a distribuição do pão de Santo António teve origem num milagre que ocorreu em Pádua, no tempo da construção da Basílica. Uma criança caiu num poço e afogou-se e a sua mãe prometeu dar aos pobres uma porção de trigo igual ao peso da criança caso o santo o ressuscitasse. A mulher é ouvida e a promessa realizada.

Já no século XIX, uma comerciante de Toulon, em França, vê a chave do seu estabelecimento partir-se na fechadura. Depois de inúmeras tentativas infrutíferas para abrir a porta e antes de a arrombar, a mulher promete a Santo António distribuir pão pelos mais necessitados, caso conseguisse abrir a porta sem a forçar. Então, numa última tentativa introduz de novo uma chave na fechadura, com a outra partida no seu interior, e a porta abre-se com a maior facilidade. A mulher cumpre a sua promessa, e a loja torna-se um centro extraordinário de distribuição de pão aos necessitados. Este episódio divulgou-se por toda a Europa, tendo chegado a Portugal por ocasião das comemorações do 7º Centenário do nascimento do Taumaturgo.

Neste postal de meados do século XX, a então generalizada imagem de Santo António a distribuir o pão, surge também na sua qualidade de padroeiro das missões franciscanas. Aqui, o santo distribui pelos povos mais carenciados o pão que é oferecido ao Menino Jesus pelas crianças das sociedades industrializadas, numa singela alegoria da missão dos franciscanos no mundo contemporâneo.

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