Escrever em Novembro para o mês de Dezembro, em tempo de pandemia, significa ousar ser um “advinho”. Olhando para o último mês do ano, todos os cidadãos, sem distinção religiosa de católico ou não católico, têm a mesma preocupação: Haverá Natal?. E nestas andanças de confinamento e recolher obrigatório espera-se que alguém salve o Natal.
Salvar o Natal! é o que todos queremos. Como no filme The Christmas Chronicles (Crónicas de Natal) que saiu nas salas de cinema, em 2018. É uma comédia cheia de aventura de dois irmãos Teddy e Kate que não acreditam muito no espírito natalício e querem pregar uma partida ao Pai Natal, interpretado pelo ator Kurt Russel. A partir daqui desenrola-se uma viagem arrojada e cheia de contratempos, mas que tem um final brilhante e de sucesso, com a entrega dos presentes de Natal.
Se calhar o realizador destas Crónicas de Natal, Clay Kaytis, teria material para representar mais uma crónica neste Natal de 2020, onde a Covid-19 continua a alastrar provocando um aumento exponencial de contágios, internamentos e mortos. E poderia fazer entrar no conto cheio de aventura e comédia os nossos governantes e autoridades da saúde publica que justificam as novas medidas, dizendo que é para salvar o Natal.
Afinal, qual é o objetivo principal? Salvar vidas humanas ou salvar o Natal?
Não se trata de uma pergunta imprópria e maléfica, mas antes provocatória. Porque o que queremos salvar não é o Natal, mas o Pai Natal, com tudo aquilo que comporta.
Queremos manter tudo aberto, sobretudo os centros de convivência e consumo, com um horário continuado, até gastarem o último cêntimo para que nada falte na mesa. Queremos poder viajar e viver uma passagem de ano única e de sonho. Mas tudo isto, por causa de um maldito intruso, este ano, parece impossível.
Eis, então, que se calhar é o Natal que vem ao nosso encontro para nos salvar.
Se o que teremos pela frente são sacrifícios dolorosos, como não pudermos deslocar-nos para reunir toda a família na consoada, ou não pudermos entrar na igreja para celebrar a Missa do galo, ou não pudermos aproveitar de alguns dias de lazer para descansar o corpo e a alma; então, talvez seja oportuno lembrarmos como era o Natal dos nossos pais e avós.
Na noite de Natal celebrava-se o nascimento na pobreza de um Menino, Jesus, o Filho de Deus, que anunciava a paz na terra a todos os homens amados por Deus.
Não será a paz o melhor presente que podemos receber e oferecer, pensando, sobretudo, nas famílias que choram a falta de um familiar falecido por causa deste vírus ou de outra doença, ou nas crianças sem número que no dia 25 de Dezembro morrerão por falta de alimento e de paz?
De certeza haverá Natal, um Natal que nos pode salvar.