Eis a voz do meu amado!
Ele aí vem, transpondo os montes,
saltando sobre as colinas.
O meu amado é semelhante a uma gazela
ou ao filhinho da corça.
Ei-lo detrás do nosso muro,
a olhar pela janela,
a espreitar através das grades.
O meu amado ergue a voz e diz-me:
Levanta-te, minha amada, formosa minha, e vem.
Já passou o inverno, já se foram e cessaram as chuvas.
Desabrocharam as flores sobre a terra;
chegou o tempo das canções
e já se ouve nos nossos campos a voz da rola.
Na figueira começam a brotar os primeiros figos
e a vinha em flor exala o seu perfume.
Levanta-te, minha amada, formosa minha, e vem.
Minha pomba, escondida nas fendas dos rochedos,
ao abrigo das encostas escarpadas,
mostra-me o teu rosto, deixa-me ouvir a tua voz.
A tua voz é suave e o teu rosto é encantador.
Cântico dos Cânticos, 2, 8-14