O Documento de Trabalho da Etapa Continental

Tendo em vista esta fase, o documento apresenta, em grandes linhas, as esperanças e preocupações do Povo de Deus disperso por toda a terra, proporcionando às diversas Igrejas Locais a experiência da escuta e do diálogo entre si, com a finalidade de discernir quais são as grandes prioridades a que o Espírito está a interpelar a Igreja.

“Alarga o Espaço da tua Tenda” é o sugestivo título do Documento de Trabalho da Etapa Continental (DEC) da caminhada sinodal, na qual os cristãos católicos e as suas comunidades estão envolvidos.

Tendo em vista esta fase, o documento apresenta, em grandes linhas, as esperanças e preocupações do Povo de Deus disperso por toda a terra, proporcionando às diversas Igrejas locais a experiência da escuta e do diálogo entre si, com a finalidade de discernir quais são as grandes prioridades a que o Espírito está a interpelar a Igreja.

Para que a leitura do DEC possa ser frutífera e inspiradora é necessário ter bem presente aquilo que ele não pretende ser, como explicitamente se refere no nº 8: “não se trata de um documento conclusivo, porque o processo está longe de estar terminado; não é um documento do Magistério da Igreja, nem o relatório de um inquérito sociológico; não oferece a formulação de indicações operativas, de metas e objetivos, nem a completa elaboração de uma visão teológica […]”.

Apesar de não querer ser isto, e, portanto, não dever ser lido com esse ângulo de visão, no DEC, como também se pode ler no nº 8, abunda “o tesouro ricamente teológico contido na narração da experiência da escuta da voz do Espírito por parte do Povo de Deus, permitindo fazer emergir o seu sensus fidei”.

Ao ler e meditar este documento, no sentido de continuar a trilhar o caminho sinodal, certamente nos podemos aperceber de algumas tensões que costumam estar presentes nestes exercícios de escuta e diálogo, como o são a tensão existente entre a interioridade e a exterioridade, ou a tensão existente entre a identidade e a alteridade (o DEC identifica outras). Como em todas as tensões, a tentação passa por querer ultrapassá-las, o que, no meu entender é uma resposta desadequada, pois tende sempre a sublinhar um dos polos em detrimento do outro. Pelo contrário, face a estas tensões, também no caminho sinodal, me parece ser importante encontrar o justo equilíbrio entre os diversos elementos da equação, reconhecendo que estes não variam na proporção inversa, mas, pelo contrário, se potenciam na justa e equilibrada correlação.

O DEC só será verdadeiramente compreendido, como se afirma no nº 13 “se for lido com os olhos do discípulo, que o reconhece como o testemunho de um percurso de conversão para uma Igreja sinodal, que aprende da escuta o modo como renovar a própria missão evangelizadora à luz dos sinais dos tempos, para continuar a oferecer à humanidade um modo de ser e de viver em que todos se possam sentir incluídos e protagonistas”.

É esse exercício de leitura que partilhamos com os nossos leitores neste especial, procurando apresentar o documento nas suas linhas gerais, ou seja, fazendo aquilo que em linguagem
marinheira se chama “fazer o ponto ao meio dia”, com o qual se quer aferir e confirmar o rumo, refletindo sobre a própria ação de montar e alargar a tenda, ação que preside à dinâmica sinodal na fase em que se encontra.

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