A Palavra de Deus
Na mesma região encontravam-se uns pastores… Um anjo do Senhor apareceu-lhes… e tiveram muito medo. O anjo disse-lhes: “Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor”. De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, louvando a Deus e dizendo: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado” .
Lc 2, 8-14
Ao anoitecer daquele dia… veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco!” Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor. E Ele voltou a dizer-lhes: “A paz seja convosco!”…
Jo, 20, 19-21, 26
Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez dentro de casa e Tomé com eles. Estando as portas fechadas, Jesus veio, pôs-se no meio deles e disse: “A paz seja convosco!”.
A palavra de Santo António
Na Natividade do teu Filho, Jesus o abençoado, Tu nos deste, ó Pai, um tempo primaveril. A Virgem, terra abençoada pelo Senhor, deu à luz um rebento viçoso, o Filho de Deus, qual pastagem refrescante para os pecadores. Nesse dia, os anjos tocam cítara cantando: “Glória a Deus nas alturas” (Lc 2,14). Hoje é restaurada na terra a tranquilidade da paz. Tudo sorri, tudo se regojiza.
O Anjo disse aos pastores: “Anuncio-vos uma grande alegria: hoje nasceu-vos um Salvador, o Messias Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura”. (Lc 2, 10-12).
O anjo aparece aos pastores, aos simples. Aqueles que guardam o rebanho dos pensamentos, simples e inocentes, entendem o que o anjo diz: Encontrareis um filho na humildade; deitado numa manjedoura, não pendurado nos seios de sua mãe, mas em abstinência; envolto em panos, na pobreza. Tomai bem atenção a estes sinais…
“Aplicai-vos em manter a unidade do Espírito pelo vínculo da paz”, escreve S. Paulo aos cristãos de Éfeso. Sejamos, pois, aplicados, a manter a unidade do espírito. Guardemo-la com solicitude, como as conchas do mar guardam as suas pérolas com muito cuidado.
E dá a paz, Senhor, àqueles que esperam em Ti. Que o Senhor abra o nosso coração à sua lei e aos seus preceitos e estabelece a paz. Quando o coração se abre à contrição, a lei da graça está lá escrita pelo dedo de Deus, os seus preceitos são observados e a paz é devolvida aos corações.
Aprofundemos
Testemunha privilegiada do Evangelho, Santo António anuncia, com convicção e vigor, a paz entre os homens, cuja semente é a paz de consciência dentro das famílias e com aqueles que encontramos nos caminhos da vida.
Este convite é-nos dirigido também a nós, no início do ano, pelo Papa Francisco, que vê nos 250 milhões de migrantes, incluindo 22,5 milhões de refugiados, a forma mais dramática de aspiração à paz. A resposta a esta aspiração, como sublinha na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, consiste “num olhar de fé, capaz de nos tornar conscientes de que todos pertencemos a uma única família, migrantes e populações locais que os acolhem, e todos têm o mesmo direito de beneficiar dos bens da terra, cujo destino é universal − princípio que funda a solidariedade e a partilha” e não em políticas securitárias, misturadas com motivações religiosas, como o medo face às religiões não cristãs. Daí decorrem os quatro “pilares” para uma ação verdadeiramente cristã: acolher, proteger, promover, integrar, que eu confio à meditação dos leitores.
No entanto, de que servem proclamações solenes se as mesmas não conduzirem a uma paz real e efetiva, se não forem, primeiro, vividas por cada um, nas suas relações pessoais e nos seus lugares de responsabilidade, dentro das instituições, escolas, locais de trabalho, associações humanitárias e na política?
Que a paz, aprendida no Natal, se prolongue nas nossas escolhas, ao longo de todo o ano, tendo em atenção particular os mais necessitados.