No ar, há pressa de paz

Uma grande vaga de juventude se espalhará, nestes meses, sobre Lisboa e Portugal. No ar, já se respira o entusiasmo e a azáfama dos preparativos para a 37ª JMJ, a realizar, em Lisboa, de 1 a 6 de agosto. Ao mesmo tempo, aumenta em todo o mundo um grito que clama pela paz. Não é possível silenciar este grito, porque brota sobretudo do coração dos jovens, que não se conformam com um mundo virado do avesso pelos caminho da violência, da guerra, da injustiça e da lei do mais forte.

Nestes dias, assistimos a muitas iniciativas em favor da paz: as intervenções do Papa Francisco, que enviou o seu Delegado, o Cardeal Zuppi, para a Ucrânia; os esforços do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres; as numerosas marchas e caminhadas de grupos e movimentos; a voz frágil, mas imensa, dos pobres e dos oprimidos. Nunca como agora, num momento histórico complexo e conflituoso, à beira de um novo conflito mundial, há tantas vozes e tanto clamor pedindo a paz. Qual a resposta a dar?

A figura de Santo António, cuja festa celebramos no mês passado, sugere uma resposta muito simples e que constitui o coração do anúncio evangélico: cuidar da vida espiritual, de forma a chegar ao “homem novo” nascido na fonte batismal do Senhor ressuscitado. Só Cristo ressuscitado, vivente em nós, nos pode abrir caminho para uma comunidade humana e cristã assente sobre o amor de Deus.

Só uma aliança espiritual e social que nasça dos corações e que tenha como eixo a fraternidade, pode levar ao centro das relações a sacralidade e a inviolabilidade da dignidade humana. Por isso, a fraternidade não precisa de teorias, mas de gestos concretos e escolhas partilhadas que produzam uma cultura de paz. A fraternidade é um bem frágil e precioso; os irmãos são a âncora da verdade no mar flagelado pela tempestade dos conflitos que semeiam mentira e discórdia. É alimentando o sentimento de que somos todos irmãos, que se pode reacender a luz para parar a noite dos conflitos.

Discurso do Papa Francisco lido pelo Cardeal Gambetti no Meeting sobre a Fraternidade Universal

A Jornada Mundial da Juventude é uma ocasião única para que a luz da fraternidade universal brilhe no mundo e mova os corações pelos caminhos da paz.

Que António de Lisboa e os restantes Patronos da JMJ nos deem força e coragem para sermos “artesãos de paz”!

Foto da Capa: Volodymyr Zelensky com o cardeal Matteo Zuppi, enviado especial do Papa Francisco, junho de 2023. Foto EPA / Gabinete da Presidencia da Ucrânia.

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