Jonathan Sacks (1948-2020), rabi britânico, foi líder das comunidades judaicas da Commonwealth. Em Não em Nome de Deus, é o fenómeno da violência religiosa que é estudado, com a perspetiva pioneira de se situar no interior de uma tradição religiosa específica, o judaísmo. O resultado é uma análise lúcida dos inúmeros fatores, internos e externos à experiência religiosa, que contribuem para o fio trágico que acompanha a história humana e que conhece uma atualidade premente.
O leitor encontrará um estudo profundo e abrangente sobre o fenómeno da violência religiosa, quer a partir de uma leitura dos diversos textos canónicos dos três monoteísmos – judaísmo, cristianismo, islão –, quer da análise das características sociológicas das sociedades ocidentais, com dificuldades em oferecer um credo capaz de edificar uma identidade pessoal. As políticas desenvolvidas desde o século XVIII – a constituição de um estado civil forte e secular – já não são suficientes para travar o uso da violência em nome da religião. A tarefa, agora, é teológica: numa civilização da comunicação global e das redes sociais, cabe aos crentes mergulhar na sua própria história e nas escrituras, compreender os processos de violência e rivalidade que estão na raiz da formação da identidade humana, e encontrar novas respostas e soluções precisamente na Escritura.
Enquanto judeus, cristãos e muçulmanos, temos de estar preparados para fazer as perguntas mais incómodas. Será que o Deus de Abraão quer que os seus discípulos matem em seu nome? Será que exige sacrifício humano? Regozija-se com a guerra santa? Quererá que odiemos os nossos inimigos e aterrorizemos os descrentes? Será que lemos as nossas escrituras sagradas corretamente? O que nos diz Deus aqui e agora? Não somos profetas, mas somos os seus herdeiros e não estamos desprovidos de orientação nestas questões fatídicas.
Título: Não em nome de Deus
Autor: Jonathan Sacks
Edição: Desassossego
Páginas: 288