Ao tempo de Jesus, à luz da lei judaica, as mulheres e as crianças não tinham autoridade e o seu testemunho dificilmente podia ser acreditado pela comunidade. No entanto, nos Evangelhos, elas têm um papel primordial pois enquanto os evangelistas narram o que aconteceu, as mulheres são as primeiras a testemunhar o acontecimento da ressurreição.

Esta é uma das vocações das mulheres: transmitir aos vindouros que Jesus está vivo, que Jesus é o ressuscitado.
Na verdade, os apóstolos e os discípulos tiveram alguma dificuldade em acreditar. As mulheres não. Pedro corre para o sepulcro mas detém-se perante o túmulo vazio; Tomé tem que tocar com as mãos nas feridas de Jesus. Isto deve fazer-nos refletir sobre como as mulheres tiveram e têm ainda hoje um papel fundamental no abrir das portas à fé comunicando o rosto e a vida de Jesus.
Ao longo dos últimos decénios, com as transformações sociais e culturais que todos conhecemos, também a identidade e o papel da mulher na família, na sociedade e na Igreja sofreram transformações notáveis e, em geral, constatamos que a participação e responsabilidades das mulheres foi aumentando.
Neste processo foi e continua a ser importante o discernimento por parte do magistério dos papas. De referir em particular, a Carta Apostólica de 1988, Mulieris digitatem, de João Paulo II, sobre a dignidade e vocação da mulher.
Este documento, em consonância com o ensinamento do Concílio Vaticano II, reconhece a força moral e espiritual da mulher (Cf. Mulieris dignitatem, nº 30).
Da mesma forma é pertinente recordar aqui a Mensagem do Dia Mundial da Paz de 1995 sobre o tema “Mulher: educadora de Paz”. Esta mensagem dirige-se sobretudo às mulheres “pedindo-lhes que se tornem educadoras de paz com todo o seu ser e todo o seu agir: sejam testemunhas, mensageiras, mestras de paz entre as pessoas e as gerações, na família, na vida cultural, social e política das nações, especialmente nas zonas de conflito e de guerra.” (XXVIII Mensagem do Dia Mundial da Paz, 1995, nº 2).
Mais recentemente, o papa Francisco acentua a indispensável contribuição da mulher na sociedade, em especial com a sua sensibilidade e intuição em relação ao outro, em particular os mais débeis (Cf. Evangelii gaudium nº 103).
Desde 1975, ano em que a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o dia 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher, que se recorda o caminho de lutas, muitas vezes sofridas, pelos seus direitos e também o resultado das conquistas alcançadas pelas mulheres.
Se muitas delas se tornaram exemplo a ser seguido, há, no entanto, uma que se destaca: Maria, a mãe de Jesus. A fé de Maria é o cumprimento da fé de Israel e, nesse sentido, é o modelo da fé da Igreja. A vida de Maria foi a vida de uma mulher do seu povo, numa união perfeita com Jesus. Acima de tudo Maria foi e é exemplo de mãe.
Foi sublinhando esta dimensão que João Paulo II se pronunciou, há 35 anos, em Fátima: “Nas palavras da mensagem de Fátima parece-nos encontrar precisamente esta dimensão do amor materno, o qual com a sua amplitude, abrange todos os caminhos do homem em direção a Deus […]. A solicitude da Mãe do Salvador identifica-se com a solicitude pela obra da salvação: a obra do Seu Filho. […] À luz do amor materno, nós compreendemos toda a mensagem de Nossa Senhora de Fátima.” (Homilia do papa João Paulo II, Fátima, 13 de Maio de 1982).
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