Leonardo da Vinci: 500 anos da sua morte

Leonardo da Vinci é justamente considerado uma das personalidades mais criativas de todos os tempos, em domínios tão distintos como a anatomia, a arquitetura, a pintura, a botânica, a física, a literatura, a matemática, a música, a engenharia e a teologia.

Leonardo da Vinci: auto retrato
Leonardo da Vinci: auto retrato

Nasceu na República de Florença, em 1452 e faleceu em Amboise, no Reino de França, a 2 de maio de 1519, com 67 anos, faz agora 500 anos.

Foi um mestre da pintura renascentista, tendo experimentado novas técnicas e novos métodos de representação do espaço e dos objetos. É ainda conhecido como o percursor da aviação e da balística. Leonardo foi frequentemente descrito como o arquétipo do homem do Renascimento, alguém cuja curiosidade insaciável era igualada apenas pela sua capacidade de invenção.

Mona Lisa de Leonardo da Vinci, Museu do Louvre. https://commons.wikimedia.org

É considerado um dos maiores pintores e possivelmente o mais notável sobredotado de todos os tempos. Autor do mais famoso quadro do mundo, a Mona Lisa (Museu do Louvre), e de uma das pinturas de maior simbolismo religioso, a Última Ceia, da Vinci deixou-nos um vasto espólio de pinturas religiosas notáveis pela sua beleza e profundidade teológica.

A Anunciação

Leonrado da Vinci, A Anunciação

A anunciação é uma das obras mais antigas de da Vinci. Teria os seus 20 anos, é ainda um jovem artista que presta homenagem ao seu mestre Andrea del Verrocchio. Mas se nos detivermos diante do prado sobre o qual plana o voo do anjo, dar-nos-emos conta de que temos à frente dos nossos olhos uma natureza percorrida por uma vibrante energia.

Nesta jovem que recebe o estranho anúncio transparece uma profunda reflexão teológica. Os edifícios delineados em perspetiva por trás da Virgem mostram uma série de ruínas de pedra cortadas e deslocadas, de modo a apresentar-nos os seus ângulos. É uma referência ao Salmo 118: “A pedra rejeitada pelo construtor tornou-se pedra angular”. O momento da conceção é também o início da história da Salvação, prefigura o advento de Cristo Redentor. Conserva-se na Gallerie degli Uffizi, em Florença, Itália.

A adoração dos Magos

Adoração dos Magos, Leonardo da Vinci, Galleria degli Uffizi, Florença (1481-1482)

A Adoração dos Magos, da Galleria degli Uffizi, é uma das mais célebres obras incompletas. Leonardo concebe e desenha toda a composição, distribui a repartição das luzes e das sombras, desenha até ao detalhe os episódios do fundo. Faltava apenas a última demão de tinta que teria sepultado aquilo que hoje vemos.

Quem entra na Sala de Leonardo, na Galeria dos Ofícios, tem a impressão de estar perante uma pintura percorrida como que por uma descarga elétrica, tal é a intensidade expressiva, emocional e espiritual que a obra transmite. Leonardo imagina a “Adoração” como um vórtice de homens, um tumulto de emoções e de paixões que se recolhem e aplacam aos pés da Virgem, que apresenta o seu bebé.

A Virgem é o pilar central da composição, é o fulcro em torno da qual a história dos homens se compõe; uma história representada por um conjunto de rostos intensos, como que tomados e iluminados pelo Espírito. À esquerda, a figura de um velho homem, calvo e envolto num manto, representa provavelmente Isaías, que profetizou, com o advento do Messias de Israel, o tempo da paz sobre toda a Terra. A ideia formidável que habita esta “Adoração” é a imagem da Senhora que está no centro do tumulto da história, domina-o e aplaca-o.

Virgem dos rochedos

Virgem dos Rochedos, Leonardo da Vinci, Museu do Louvre (1483-1486)

Eis, no auge da vida e da carreira de Leonardo, a sua Senhora seguramente mais célebre. É a “Virgem dos rochedos”, conhecida em duas versões guardadas uma no Louvre, a outra na National Gallery, de Londres.

Leonardo imagina que a sagrada conversação ocorra num ambiente rochoso, parcialmente na sombra, em parte desvelado pela luz. Para além das fendas abertas nas rochas, há uma paisagem infinita que se distancia e se multiplica em montanhas azuladas e campos abertos. No interior vê-se a Virgem que, com uma mão nas suas costas, aperta para si o pequeno Jesus ajoelhado. À direita está o pequenino João em ato de bênção e o anjo, com o dedo, aponta para o Menino que a Virgem acaricia, como que a dizer “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.

A Virgem Benois

Leonardo da Vinci, A Virgem Benois

Jesus tocando a flor na mão de Maria. Retrata, de forma inédita, a troca de olhares entre a mãe e o menino. Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia.

Madona Litta

Leonrado da Vinci, Madona Litta

A Virgem e o Menino, representados sem o halo característico da época para dar um ar mais humano e natural. O quadro pertenceu à Coleção da Casa de Litta, em Milão. Atualmente está no Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia.

A Virgem e o Menino com Sant’Ana

Leontado da Vinci, A Virgem Benois  Jesus tocando a flor na mão de Maria. Retrata, de forma inédita, a troca de olhares entre a mãe e o menino. Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia. Madona Litta  A Virgem e o Menino, representados sem o halo característico da época para dar um ar mais humano e natural. O quadro pertenceu à Coleção da Casa de Litta, em Milão. Atualmente está no Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia. A Virgem e o Menino com Sant’Ana

É considerada a última obra de da Vinci, onde utiliza várias das técnicas que aprimorou ao longo dos anos ao retratar as três gerações da Sagrada Família, destacando-se os círculo de afetos que transparecem na atitude corporal e nos olhares. O Menino Jesus procura abraçar o cordeiro, símbolo da Paixão. A Virgem esforça-se por detê-lo. Nesse momento ela é apenas uma mãe que quer desviar do filho o presságio cruel.

Maria é detida por Sant’ Ana, figura da Igreja, que quer que a Redenção cumpra o seu curso. No fundo a paisagem cara a Leonardo: rochas azuladas que se precipitam, distâncias incomensuráveis, campos abertos. Feito para o altar da Igreja da Santissima Annunziata, em Florença, está agora no Museu do Louvre, em Paris.


Fontes:

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