Santa Joana d’Arc
Maio é um mês carregado de simbólica feminina: o “Dia da Mãe”, o “Mês de Maria”, Fátima: eis o mês ideal para nos determos na história e no exemplo da jovem santa Joana d’Arc.
Nascida a 6 de janeiro de 1412, na aldeia francesa de Domrémy (atualmente Domrémy-La-Pucelle), era filha de um casal de humildes agricultores. A sua infância ficou marcada pela “Guerra dos Cem Anos”, que, desde 1337, punha em confronto Carlos VII, legítimo, mas “não empossado” rei de França, com Henrique VI de Inglaterra, igualmente desejoso de tomar o trono francês. Enquanto as tropas de ambos os exércitos destruíam o seu país, Joana, de apenas 13 anos, atraída pela contemplação e meditação da doutrina católica, começa a ser alvo de “revelações” divinas que haveriam de mudar a sua vida para sempre. Dizia que o Arcanjo São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia lhe tinham aconselhado ir ao encontro do rei Carlos VII para lhe propor a sua colaboração na luta contra os ingleses. Contudo, só aos 17 anos de idade e após várias peripécias, consegue revelar ao rei o seu “chamamento”.
A 6 de março de 1429, ela está no palácio real, rodeada de cortesãos, entre os quais o rei, disfarçado. Ao ser apresentada ao falso rei que tinham sentado no trono, Joana não lhe dá importância.
Imediatamente procura Carlos VII entre os presentes, encontrando-o escondido a um canto. Fixa nele o olhar, faz-lhe reverência e diz: “Mui nobre senhor, aqui estou. Fui enviada por Deus para trazer socorro ao vosso reino”. O rei, surpreendido e forçado pela delicada situação em que o seu reino se encontrava, acaba por confiar a Joana uma milícia de mais de 5 mil homens. Levando como única “espada” um estandarte com a imagem de Cristo, Joana ajuda a derrotar o inimigo e a levantar o cerco de Orleães (8 de maio de 1429), uma importante vitória que abriria caminho à coroação de Carlos VII como rei de França, em 17 de julho seguinte.
Cumprida a sua missão, silenciaram-se as vozes que a haviam “inspirado”. Decide então regressar a casa, mas os seus superiores insistiam na sua presença noutras importantes batalhas. Assim, Joana participou, nesse mesmo ano de 1429, na libertação do cerco à cidade de Paris e depois no de Compiègne, onde acabou por ser capturada pelo exército dos borgonheses.
Capturada, foi depois vendida aos ingleses. À mercê destes, Joana d’Arc foi então julgada pela Inquisição, acusada de ser cismática, apóstata, mentirosa, adivinhadora, herética, errante na fé, blasfemadora de Deus e dos santos. Após três meses a tentar comprovar a sua inocência, a heroína de Domrémy foi queimada viva como uma bruxa, na praça do mercado de Rouen, a 30 de maio de 1431. Enquanto as chamas a devoravam, só gritava o nome de Jesus, mantendo firme o olhar na cruz. Tinha apenas 19 anos de idade.
Este seu destino, tão triste quão injusto, levou o papa Calisto III a rever o seu processo, vindo a ser canonizada por Bento XV, a 16 de maio de 1920. Dois anos depois, Pio XI proclamá-la Padroeira de França. Eis porque vemos tantas estátuas suas em Paris e inúmeras imagens e quadros, espalhados pelas catedrais e museus franceses. A sua festa litúrgica celebra-se a 30 de maio, tendo a sua história inspirado muitos artistas.
Jovem humilde, de fé fervorosa, aceita a “vocação” de lutar numa guerra maior que ela, munida apenas das “armas” da fé e da coragem… Queres melhor inspiração para “os tempos que correm”?
Foto da Capa: Joana d’Arc n Coroação de Carlos VII, de Jean Auguste Dominique Ingres, 1854. Foto cartelfr.louvre.fr | Wikimedia Commons