Concede-me passar como uma sombra passa,
Vestida de silêncio, sem nada dar por mim.
Inteiramente tua, ao Teu querer um Sim.
Concede-me passar deixando a Tua Graça.
Concede-me passar como uma nuvem passa,
À terra prodigando a chuva benfazeja.
De mim faz uma bênção, um dom à Tua Igreja.
Concede-me passar deixando a Tua Graça.
Concede-me passar como o orvalho passa,
Humilde e pequenina ´spelhando a Tua luz,
Que quem cruzar comigo só veja a Ti, Jesus.
Concede-me passar deixando a Tua Graça.
Concede-me passar como o perfume passa,
A vida oferecida em dom total de amor.
Consuma-se o meu nada ficando o Teu odor.
Concede-me passar deixando a tua Graça.
Concede-me passar como uma brisa passa,
Depondo um beijo Teu na dor de cada irmão.
Assume-me, Senhor, e faz-me redenção.
Concede-me passar deixando a tua Graça.
Concede-me passar como uma rosa passa,
deixando perfumada a mão que a desfolhou.
Por toda a humanidade assim a Ti me dou.
Concede-me passar deixando a Tua Graça.
Concede-me passar como uma noite passa,
Ficando em seu lugar um radioso dia.
Recebe a minha vida entregue por Maria.
Concede-me passar deixando a Tua Graça.
Testemunho de fé em Cristo Crucificado e Vivo, da carmelita Madre Maria Celina de Jesus Crucificado [1957-2017]. Este seu último e belíssimo poema é-nos oferecido pelo Padre Manuel Mendes, da Casa do Gaiato
Foto da capa: Cultivar branco de Hippeastrum intokazi. Imagem do dia para 14 de fevereiro de 2019. Foto de Uoaei1 | Wikimedia Commons.