A Palavra de Deus
Porquanto um menino nasceu para nós,
(Is 9, 5-6)
um filho nos foi dado;
tem a soberania sobre os seus ombros,
e o seu nome é:
Conselheiro-Admirável, Deus Forte,
Pai-Eterno, Príncipe da paz.
Dilatará o seu domínio com uma paz sem limites,
sobre o trono de David e sobre o seu reino.
Ele o estabelecerá e o consolidará com o direito e com a justiça,
desde agora e para sempre.
Assim fará o amor ardente do Senhor do universo.
A palavra de Santo António
Uma criança nasceu para nós … Um filho nos foi dado.
O Filho é aquele de quem o Génesis diz a propósito de José: Ele é um filho que dá frutos e tem uma bela presença (Gn 49:22). Frutifica pela sua pobreza; é de belo aspecto pela sua humildade.
Foi nos dado. O pecador, diz Lucas (15, Z4), estava morto e voltou à vida; estava perdido e é encontrado! Como foi dado e encontrado? Claro que pelo trabalho da penitência.
Ele recebeu o poder sobre seus ombros: o doce fardo da penitência. Isaac, diz o Génesis (49:15) novamente, falando dos filhos de Jacob, é um robusto jumento que estendeu as costas ao fardo. O penitente que trabalha com coragem para a recompensa eterna é robusto. Ele se alimenta da Palavra de Deus para não desmaiar no caminho; toma a vara da pobreza e o fardo da obediência para não perder o hábito do trabalho.
Sábio, ele reflete sobre a início e o fim da sua vida: ele se humilha ao lembrar-se do seu nascimento; ele chora quando pensa na sua morte. O tolo, por seu lado, pára no meio da sua vida, isto é, na vaidade do mundo que passa, e prova as doces carícias da vida. Refletindo sobre os limites de sua vida, o penitente eleva os olhos de seu coração para a glória que o espera; para a terra da eternidade e para a contemplação da Trindade e aceita o jugo da penitência pelo qual se domina, se purifica e resiste a todas as tentações do mundo.
Aprofundemos
Partindo da mesma passagem de Isaías (9, 5-6), Santo António apresenta Jesus como modelo de perdão e como exemplo dos “pecadores” que sinceramente desejam converter-se ao Senhor.
Dois sentimentos devem animá-los: a alegria de retornar à casa do Pai, como o filho pródigo, e a coragem com que devem começar sua nova vida; e cada um desses sentimentos é ilustrado pelos retratos de José e Isaac que o velho Jacob traça quando lhes confia os seus últimos desejos e lhes dá a sua bênção (Gn 49, 14-15 e 22-26).
José é belo: o penitente deve ser belo pela sua pobreza, isto é, a sua simplicidade e sinceridade; produz frutos: o penitente produz frutos se é humilde e realiza o projeto de Deus na sua vida.
Isaac é forte e corajoso: o penitente deve suportar o pesado fardo do trabalho, lutar para vencer o mal que o cerca (tentações) e crescer no bem, pela obediência, ou seja, acolhendo a vontade de Deus.
O Menino Jesus não é um espetáculo encantador da infância, por mais emocionante que seja, mas um apelo para imitar o Filho de Deus que escolheu a pobreza e a obediência como o único e verdadeiro caminho que conduz a Deus.