Jesus, cordeiro, dá a vida pelos cordeirinhos

A palavra de Deus

No dia seguinte, João encontrava-se de novo ali com dois dos seus discípulos. Então, pondo o olhar em Jesus, que passava, disse: “Eis o Cordeiro de Deus!”.

“Eu sou o bom pastor; Eu sou o bom pastor e ofereço a minha vida pelas ovelhas.
[…]
Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil. Também estas Eu preciso de as trazer e hão-de ouvir a minha voz; e haverá um só rebanho e um só pastor. É por isto que meu Pai me tem amor: por Eu oferecer a minha vida, para a retomar depois. Ninguém ma tira, mas sou Eu que a ofereço livremente. Tenho poder de a oferecer e poder de a retomar. Tal é o encargo que recebi de meu Pai.

As minhas ovelhas escutam a minha voz: Eu conheço-as e elas seguem-me. Dou-lhes a vida eterna e nem elas hão-de perecer jamais, nem ninguém as arrancará da minha mão”.

Jo 1, 36; 10, 14-18

A palavra de Santo António

O cordeiro inocente, que tirou o pecado do mundo, que não pecou nem se encontrou engano na sua boca, tomou sobre si os pecados de muitos, e intercedeu pelos pecadores (Is 53,9).

Do sermão do quinto domingo da quaresma

João não duvidou de Cristo, de quem deu este testemunho : Eis o cordeiro de Deus (Io 1,36). Fez a interrogação ao enviar os discípulos para os confirmar na fé de Cristo.

Do sermão do segundo domingo do advento

Eu sou o bom pastor. Cristo, certamente pode dizer: “Eu sou”.

Para ele nada é passado ou futuro, mas tudo lhe é presente: “Eu sou o alfa e o ómega, o principio e o fim, diz o Senhor Deus que é, que era e que há-de vir, o Omnipotente” (Ap 1,8).

Acerca deste pastor, o Pai diz em Isaías: “Ele apascentará o seu rebanho como pastor; pela força do seu braço ajuntará os cordeiros e os tomará em seu seio; ele mesmo levará às costas as que estiverem prenhas” (Is 40,11). Fala a modo de bom pastor, que ao levar e trazer o seu rebanho das pastagens, recolhe nos braços os cordeiros pequeninos que não podem andar e os leva ao colo; e ele mesmo leva as que andam prenhas, isto é grávidas e cansadas.

O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. Foi o que fez Cristo.

Vede quão grande misericórdia! A terra está cheia da misericórdia do Senhor.

Do sermão do segundo domingo depois da Páscoa

Aprofundemos

Para Santo António, como para nós, Jesus é, ao mesmo tempo, cordeiro e pastor.

Jesus é cordeiro, “cordeiro inocente”, que carrega sobre si, sobre os seus ombros, para lançá-lo fora, o pecado do mundo, hostil a Deus, como anunciara Isaías no quarto cântico do Servo de Javé (Is 53,4-5).

Jesus é Pastor, diz ainda Santo António, desde toda a eternidade, é “o alfa e o ómega, o princípio e o fim, o omnipotente”. Ele é o nosso Bom Pastor: ele conhece-nos, chama-nos pelo nome; afasta-nos dos muitos lobos que atentam a nossa fé, os nossos filhos, os adolescentes e tantos jovens, adultos, pais e mães que já não sabem como orientar-se na vida, como educar os filhos e afastam-nos do rebanho da igreja através de múltiplas promessas. Pelo contrário, Jesus guia-nos para a verdade. Ele guia-nos “em prados verdejantes, às águas refrescantes” (Sl 23) e apascenta-nos todos os dias no sacramento do altar com a sua carne e sangue”.

A ternura do nosso pastor é comparada à de uma mãe, diz ainda o nosso Santo: “Como a mãe toma o filho, assim ele nos tomou no seio da misericórdia, alimenta-nos com o leite da doutrina do evangelho e com os sacramentos da Igreja e nos reúne em seus braços, estendidos na cruz”. Não nos ilude com falsas ilusões, como os lobos, como o mundo! Para ele, a nossa vida tem um preço muito alto e merece também o dom da sua própria vida, através do caminho estreito da cruz.

Perante tanta lealdade e retidão, também nós dizemos, como António: “É verdadeiramente grande a tua misericórdia, Senhor! A terra está verdadeiramente cheia da tua bondade!”.

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