Frei Pedro da Guarda

Nasceu na Guarda no ano de 1435, sendo filho de João Luís, tecelão de panos, e de Ângela Gonçalves. Entrou na vida franciscana aos 25 anos, feitos no ano de noviciado, talvez no Convento de Santa Catarina, perto de Tentúgal. O seu primeiro biógrafo, também viveu numa ermida de Santa Catarina, perto do mar, não muito longe de Leça de Palmeira, frei Marcos de Portugal. Concluíu o ano de noviciado e serviu os seus confrades em serviços domésticos, durante 30 anos.

Convento de São Bernardino Câmara de Lobos, Funchal. Foto João Gonçalves | Wikimedia Commons.
Convento de São Bernardino, Câmara de Lobos, Funchal. Foto João Gonçalves | Wikimedia Commons.

Em 1485, com licença dos superiores, vai para a Ilha da Madeira, entrando no Convento de São Bernardino de Câmara de Lobos. Neste Convento viveu 20 anos e faleceu a 27 de Julho de 1505. Nos 50 anos da sua vida consagrada frei Pedro da Guarda, no que escreveu Dom António Montes, assentou a sua vida religiosa nestes alicerces essenciais: penitência, oração e observância.

Era um religioso austero e observante. Tinha um só hábito, pobre, velho, áspero e remendado. Segundo diz Marcos de Portugal não possuía túnica interior, apesar do Convento de São Bernardino ser frio no Inverno. Andava sempre descalço suportando a neve, geada e outras asperezas. Usava cilício e disciplinas, mesmo quando estava em Portugal em visita aos seus familiares. Quando foi para a Ilha da Madeira o seu modo de vida continuou idêntico. Este religioso, apesar de exercer a profissão de cozinheiro, no continente alimentava-se a pão e água e na Madeira alimentava-se de frutas rústicas e silvestres. Assim viveu durante 20 anos, excepto nos dias de festa em que comia uma tigela de caldo, algum pão e peixe.

Muitas vezes, só se alimentava com o “pão dos anjos”, principalmente nos dias mais solenes da vida de São Francisco ou de algum santo da Ordem ou da sua devoção. Apesar desta vida tão penitente, frei Fernando da Soledade, conclui: “O servo de Deus conservou a saúde com rigoroso alento até à hora da morte”.

Uma das muitas características de frei Pedro foi a oração. “Foi modelo da oração contemplativa. Era arrebatado em êxtase quando meditava os mistérios da vida de Cristo”, escreve o cronista. Gostava de rezar em lugares ermos e isolados. Talvez por esta razão, escolheu a Ilha da Madeira para uma maior experiência com Deus. No Convento de São Bernardino foi cozinheiro. Para além desta sua missão, passava muito tempo no coro ou numa gruta em oração contemplativa. Apesar desta sua inclinação natural, à hora própria tinha a refeição pronta para os seus confrades. Mais tarde, a cozinha passou a ser um local de devoção para os religiosos e para o povo. (Continua).

1 comentário em “Frei Pedro da Guarda”

  1. Pelo seu interesse para os nossos dias, inseri no meu blogue Harmonia do Mundo e na minha págima do Facebook o seguinte texto:

    A espiritualidade franciscana em Frei Pedro da Guarda (1435-1505)

    «Uma das muitas características de frei Pedro foi a oração. “Foi modelo da oração contemplativa. Era arrebatado em êxtase quando meditava os mistérios da vida de Cristo”, escreve o cronista [Frei Marcos de Portugal]. Gostava de rezar em lugares ermos e isolados. Talvez por esta razão, escolheu a Ilha da Madeira para uma maior experiência com Deus. Talvez por esta razão, escolheu a Ilha da Madeira para uma maior experiência com Deus. No Convento de São Bernardino [Câmara de Lobos, Funchal] foi cozinheiro. Para além desta sua missão, passava muito tempo no coro ou numa gruta em oração contemplativa. Apesar desta sua inclinação natural, à hora própria tinha a refeição pronta para os seus confrades.»
    Frei Manuel Gonçalves, “Frei Pedro da Guarda”, Internet, jornal «Mensageiro de Santo António», 26/2/2020.

    Foto: Frei Pedro da Guarda com o seu cão à procura de viajantes perdidos na serra, painel de azulejo no Largo de Frei Pedro, Guarda

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