Na pia baptismal recebeu o nome de Fernando António de Menezes. É autor do Espelho de Penitentes e Crónica da Província de Santa Maria da Arrábida da regular e mais estreita observância da Ordem do Seráfico Patriarca São Francisco no Instituto Capucho, Tomo I, oferecido à sempre Augusta Majestade del-rei Dom João V.
É um franciscano professo da Província de Nossa Senhora da Arrábida, da qual foi cronista. Nasceu na cidade de Santarém, a 25 de Outubro de 1675, e faleceu na enfermaria provincial da Província de Portugal, a 20 de Dezembro de 1731. A crónica que escreveu, como bem refere o padre Félix Lopes, “nutre a preocupação de aproveitar na história o que ela tem de mestre da vida e, portanto, de apologia e edificação. Contudo, é bem documentada e sente-se bem nela o espírito crítico do ambiente criado”.
O autor faz rasgados elogios ao rei D. João V, afirmando: “… e que tem Vossa Majestade por meio dos religiosos já dela, assim no Céu, como na terra, mas contámos oradores, como tão obrigado, que imploram continuamente a Deus nosso Senhor todas as maiores felicidades, para a Real Pessoa de V. Magestade e sua Augustíssima Casa”.
Frei António da Piedade procurou nos arquivos locais dos vários conventos, nas tradições e ainda nos escritos encontrados do 1º cronista frei Luís da Ascensão e dos comentários de Frei João da Conceição. Refere o cronista que duas coisas são necessárias para fazer a história: procurar e indagar todas as notícias e, em seguida, indagar o modo como se devem compor e explanar. Alerta-nos o cronista que examinou os arquivos da Província como também de alguns conventos e os encontrou com muita falta de informação. Serviu-se ainda, para além dos escritos dos frades já mencionados, das memórias de Frei André de S. Paulo que tem o sentido de averiguar a verdade. O cronista sempre que podia ouvia as tradições, que recordavam o passado de algumas vivências de religiosos fidedignos. Frei António da Piedade alude ainda aos papéis avulsos encontrados e que recordavam acontecimentos notáveis vividos na Custódia e na Província.
A crónica é um manancial de virtudes e da vida de muitos religiosos, fundadores de conventos, benfeitores, superiores e muitos frades que foram imagem do título da crónica: Espelho de Penitentes.
Para além de todas estas características que enobrecem a crónica e que dão à Custódia e à Província a razão da sua aprovação e desenvolvimento, o cronista faz breve alusão à fundação dos seguintes conventos: hospício em Cascais, na vila de Condeixa foram os moradores que fundaram um convento, convento da Serra da Arrábida, convento de Palhais (Seixal), convento de Salvaterra de Magos, convento de Santa Catarina de Ribamar (Cruz Quebrada), convento de Vale Figueira, convento de São José de Ribamar (Algés), convento de Nossa Senhora do Egipto (Torres Novas), convento da Chaqueda (perto da Vila de Alcobaça), convento de Nossa Senhora dos Anjos.