Frades Arrrábidos ajudam os leprosos, no século XVI (continuação)

No dia 12 de Abril do ano de 1579, uma peste assolou a cidade de Santarém com consequências mais funestas do que a peste de 1569, na cidade de Lisboa. O padre Provincial da Província da Arrábida, frei Pedro Lagarto, enviou quatro religiosos para atender os leprosos que viviam na cidade e arredores.

Neste grupo de religiosos, seguiu frei Álvaro cujo sobrenome não sabemos e que foi vítima do terrível flagelo. O cronista apenas nos diz que era um religioso “virtuoso, pobre e, ao pedido do seu provincial, partiu de imediato para o lugar da lepra, cuidando dos doentes nas suas debilidades e na sua conversão. Naquele êxodo para socorrer os doentes, chegou primeiro que os seus companheiros e deu início à sua atividade, socorrendo os mais pobres e os mais débeis”. O cronista alude que os seus doentes receberam o sacramento da santa unção. O espírito deste frade arrábido era servir e obedecer. Atacado pela doença foi sepultado na ermida de São Roque que se situava fora das muralhas da cidade.

Outro religioso que sobressaiu, nesta tarefa de ajuda aos leprosos, foi frei Tomé, de Torres Vedras, que sendo apenas subdiácono, pediu ao seu superior do convento de Santa Cruz de Sintra que o deixasse partir nesta missão de auxílio aos doentes e aos mais pobres. Diz o cronista que não perdia tempo com palavras ociosas. Jejuava continuamente. Foi também vítima da doença e da exposição que colocava na dedicação aos mais pobres e mais necessitados. Nesta tarefa difícil, humana e caritativa, referiu aos seus confrades que Jesus Cristo lhe apareceu e o conduziu aos braços do Pai Eterno.

Numa das enfermarias da cidade, alguns dos frades Arrábidos serviam não só os seus confrades afetados por esse mal, mas muitos outros doentes que ali acorriam. Para além dos nomes já referenciados, devemos recordar o nome de frei Daniel, de Viseu, que após ter estado ao serviço dos doentes leprosos na enfermaria provincial foi também ele afetado pela lepra. Estando em sofrimento terrível pediu aos seus confrades que lhe retirassem o hábito religioso e assim permaneceu alguns dias. Sabendo que o seu fim estava à porta pediu ao irmão que tratava dele que novamente lhe vestisse o hábito para morrer com a veste de Francisco de Assis.

Frei António da Piedade, cronista dos Arrábidos, diz-nos, ainda, que frei Domingos da Conceição, italiano, vivendo no convento de Salvaterra de Magos e sabendo do sucesso dos frades arrábidos ao serviço dos leprosos pediu a frei Jácome Peregrino que o aceitasse a viver a autenticidade de servir os mais doentes. O seu pedido foi aceite. Serviu os irmãos leprosos e morreu como leproso. 

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