Fernando António Pessoa

O poeta Fernando Pessoa nasceu, em Lisboa, a 13 de junho, o seu nome denuncia claramente a devoção que a sua mãe tinha por Santo António, reforçada pela reclamada relação genealógica entre a sua família e a família de Fernando de Bulhões. Com efeito, o nome próprio de Fernando Pessoa, Fernando António, une o nome de batismo do santo (Fernando) com o nome que este irá adotar depois de se tornar franciscano em Coimbra (António).

autor desconhecido, MA.GRA.281
Santo António, pagela, autor desconhecido, MA.GRA.281
Séc. XIX (finais) – Séc. XX (início)
Pertenceu a Fernando Pessoa, tendo sido integrada na coleção do Museu por doação de Manuela Murteira
e Luís Rosa Dias, sobrinhos do poeta.

Por isso, a referência a Santo António irá acompanhar toda a vida do poeta e encontramos várias menções ao santo na sua obra, de onde destacamos o poema “Santo António” ou as “Quadras ao gosto popular” que escreveu já no fim da sua vida.

Nasci exatamente no teu dia —
Treze de junho, quente de alegria,
Citadino, bucólico e humano,
Onde até esses cravos de papel
Que têm uma bandeira em pé quebrado
Sabem rir…
Santo dia profano
Cuja luz sabe a mel
Sobre o chão de bom vinho derramado!

Fernando Pessoa, Santo António

Também entre os papéis que deixou, os seus familiares encontraram duas pagelas de Santo António, que generosamente ofereceram ao Museu de Lisboa – Santo António, e que atualmente fazem parte da exposição permanente.

Uma destas pagelas representa Santo António vestido de Menino do Coro, imagem de grande devoção da igreja de Nossa Senhora dos Mártires, em Lisboa, localizada no Chiado, nas traseiras da casa onde nasceu o poeta, no Largo de S. Carlos.

Reflexo da devoção a Santo António que ultrapassa as fronteiras da religião e que expressa toda a espiritualidade e maneira de ser franciscana, esta pagela é também uma memória da infância do poeta.

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