Há quem vá de férias em Setembro, mas a maioria das pessoas já regressaram a casa para retomar o trabalho, os estudos, ou outros compromissos. Uns andam a queixar-se que as férias foram curtas, outros aproveitam para partilhar com uma foto ou um pensamento algo que os marcou ao longo deste tempo de pausa do corpo e da alma.
Há férias que fazem muito barulho, que enchem as páginas de revistas e que todos espreitamos quando vamos ao dentista ou à cabeleireira e que despertam a nossa curiosidade sobre atrizes, jogadores profissionais, políticos e outras figuras públicas ou famosas.
Mas há férias que não fazem barulho, mas que produzem um bem visível “só com os olhos do coração”. Penso nos tantos jovens de idade e de espírito que foram lá para fora (África e outros continentes) para realizar algum projeto ou missão planeada e autofinanciada ao longo de todo o ano. E muitos outros que ficaram por cá, num dos tantos belos cantos de Portugal, para viver momentos de lazer, de partilha, de fraternidade, de serviço e de espiritualidade… graças à criatividade de paróquias, movimentos, institutos religiosos e associações várias.
Nestes dias tive um encontro invulgar, com uma peregrina portuguesa, Luísa de Lisboa, que percorreu sozinha cerca de 450 quilómetros, do norte ao centro de Itália. Não sei se Luísa foi a primeira portuguesa a realizar o Caminho de Santo António, que vai de Camposampiero, perto de Pádua, até Assis, ligando duas cidades que conservam o túmulo com os restos mortais de dois grandes santos: António de Lisboa e Francisco de Assis.
Caminho de Santo António. Fotos de Luísa 2019.
O Caminho de Santo António foi criado há uma década graças ao entusiasmo e à devoção ao Santo por parte de alguns voluntários que quiseram percorrer “ao contrário” o trajeto da vida de Santo António, passando pelo eremitério de Montepaolo, a primeira morada em Itália, do nosso Santo depois do encontro em Assis com o líder carismático da ordem dos frades menores, Francisco de Assis.
Ouvi a Luísa falar, ao longo de uma hora e meia, do mês vivido, caminhando em silêncio, nos lugares franciscanos e antonianos, transbordante de alegria, de experiências, de momentos únicos que ficam guardados no seu diário, com o título: o caminho da Vida, o caminho do Amor.
Aproximamo-nos dos 800 anos do primeiro encontro de Santo António, com os franciscanos, em Coimbra (dezembro de 1219). Daquele encontro surgiu a sua vocação franciscana e a sua ida para Marrocos.
Quem sabe, se não é ocasião para pensar num caminho português de Santo António: Lisboa – Coimbra (realizado aos 15 anos de idade com o nome de Fernando) ou Coimbra – Lisboa (quando já era sacerdote e frade franciscano com o nome de António de Lisboa).
A semente está lançada. Procuram-se sonhadores e peregrinos.
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