Evangelizar de mochila às costas

Desejo criar uma comunidade itinerante: três frades que caminham ao longo de cinco meses. Uma experiência de fé e de missão. Numa cidade da Europa. Como? Com uma mochila às costas e uma esteira. Sem dinheiro, nem comida. Acolhendo a hospitalidade em família. Para encontrar os pobres e o povo. Abertos ao encontro com todos sem distinção, também os indiferentes…

Quem fala assim não é um idealista fantasioso, mas um frade que participou no recente Capítulo Geral dos Frades Menores Conventuais, concluído no dia 17 de Junho, com a audiência do Papa Francisco.

Depois de terem escolhido o superior geral, o argentino frei Carlos Trovarelli, e os assistentes por cada área geográfica, os frades dedicaram grande parte da assembleia a discutir temas ligados aos principais desafios da nossa Ordem no futuro, como a presença missionária na África e na Ásia, a evangelização na Europa, a renovação espiritual e a conversão ecológica das comunidades, a colaboração com os leigos, o uso e a presença dos meios de comunicação social, entre outros.

No meio de tanto debate, o Frei Jack, frade nascido na Austrália de pais croatas, e que, atualmente, vive em Bruxelas, lançou o desafio de constituir uma comunidade itinerante na Europa: “Partir do convento sem dinheiro, comida ou alojamento, confiando a nossa vida a Deus, na fé certa que Ele providenciará”.

Frei Jack, natural da Austrália, de pais croatas, atualmente, vive em Bruxelas.
Frei Jack, natural da Austrália, de pais croatas, atualmente, vive em Bruxelas.

Frei Jack lembra que este sonho começou no ano de 2009, quando “durante a minha experiência itinerante, senti um forte chamamento, o de caminhar pela Europa re-evangelizando”. Ao longo de vários anos aprofundou este chamamento, participando em mais de 15 missões itinerantes vividas com outros irmãos e leigos. Conta o frei Jack:

Nestas aventuras experimentei de perto a beleza da nossa espiritualidade franciscana… descobri um estilo de vida que é um sinal profético forte, aberto a todos… que coincide com quanto a Igreja nos últimos tempos propõe aos religiosos e corresponde à espiritualidade e tradição franciscana.

No projeto dele, a que se uniram mais dois frades (um polaco e um espanhol), “a primeira missão é rezar com e no meio do povo”, “levar o habito como sinal de visibilidade” e oportunidade para falar de Deus, “ser acolhidos nas famílias” e não nas instituições para criar mais proximidade, “caminhar na cidade ao longo de uma semana” para evangelizar, acolher outros frades ou leigos que queiram viver um tempo forte de missão.

Tudo isto “em comunhão com a Igreja local”, para viver uma verdadeira “transformação missionária da nossa vida”, como diz o Papa Francisco.

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