No passado dia 29 de Fevereiro, na cidade de Coimbra, estava prevista a assinatura de um protocolo de geminação com a cidade de Narni (Itália). O evento que se insere dentro do programa do Jubileu 2020, que envolve várias entidades, nomeadamente a Diocese de Coimbra, a Câmara Municipal, o Turismo do Centro de Portugal, a Família Franciscana e as Freguesias da cidade, foi adiado para nova data a marcar, devido ao COVID-19.
Queremos aqui realçar dois aspectos significativos que para tal acontecimento: a motivação de fundo do Jubileu e o envolvimento das mais diversas entidades.
A motivação de fundo é religiosa, embora com ligações históricas, culturais e sociais. Trata-se de fazer memória de uma data importante: o martírio dos Mártires de Marrocos e a vocação franciscana de Fernando de Bulhões que do Mosteiro de Santa Cruz passa para o ermitério de Santo Antão dos Olivais, abraçando o ideal franciscano e mudando de nome: a partir de agora chamar-se-á António. Tudo isto deu-se, há já oito séculos, em 1220.
A figura de Santo António é sobejamente conhecida, não só em Portugal, mas em todo o mundo, ao ponto de todo o sítio, por onde ele passou, querer apropriar-se do seu nome.
Santo António ultrapassa o âmbito religioso e atinge o âmago da sociedade humana. É uma figura que desperta a esperança na vida, que motiva para caminhar na justiça e na verdade, que ampara as pessoas mais frágeis e necessitadas. Uma pessoa querida.
António, porém, teve a sua “iluminação” a partir do gesto destemido de cinco frades franciscanos que, vindos de Narni (Assis – Itália), passaram por Coimbra e seguiram para as terras muçulmanas do Norte da África para as evangelizar, onde acabaram por ser martirizados. As suas relíquias, regressadas a Coimbra onde se encontram ainda hoje, motivaram a “nova” vida de António.
Os concidadãos dos mártires de Marrocos quiseram associar-se ao Jubileu 2020 e pediram a geminação com a cidade de Coimbra, pois tal feito deixou uma marca indelével em Narni, em Coimbra e em todo o mundo.
Este é o segundo aspecto que caracteriza o Jubileu: o envolvimento de muita gente que se sente “tocada”, não apenas por interesses exteriores ou de conveniência, mas por uma lufada de ar fresco, que enobreça e ajude cada um a ser aquilo que é: filha/o de Deus e irmã/ão do próximo.
Foto da Capa: Mártires de Marrocos. Santa Maria Gloriosa dei Frari, Veneza, Itália. Painel de Bernardino Licinio, 1524.