Pego na caneta para escrever a 15 de agosto de 2021: um dia de merecidas férias para muitos humanos, à beira mar ou numa casa de campo no interior, numa cidade ou num santuário mariano para celebrar a festividade da Assunção.

Mas o cenário do mundo é de fogo. Com a tomada de Kabul, todo o Afeganistão está novamente nas mãos do Talibãs. Enquanto o mundo ocidental treme, foge, envergonhado pelo seu falhanço.
Haiti é prostrada perante um terramoto que provocou mais de 1300 vítimas. E o Papa reza e apela à ajuda internacional para esta terra novamente martirizada.
O aquecimento global aperta o sul da Europa com temperaturas de 40 a 48 graus e ameaça o futuro de 600 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial, que vivem em áreas costeiras que sofrerão com a subida do nível do mar.
Clima, conflitos, desastres naturais (terremotos, incêndios e inundações) e muitas outras situações de pobreza e instabilidade, irão engrossar o grande rio dos refugiados que fogem e procuram uma terra melhor para habitar.
Será que a terra melhor é sempre a nossa – a do mundo ocidental, rico, satisfeito, sossegado e, muitas vezes, egoísta, que procura manter distantes os problemas?
Mas não é a Terra a nossa casa comum, uma casa que grita e sofre terrivelmente?
E dentro desta casa comum, habitam seres humanos que são filhos e irmãos, mesmo se de religiões diferentes. Até quando as armas serão a única solução? Continuaremos a apontar o dedo, denunciando o obscurantismo e as cruzadas do passado, mas repetindo os mesmos erros no presente?
Felizmente, cada geração em cada época, soube produzir génios da ciência e da espiritualidade para traçar novos caminhos, novas intuições, novos estilos de vida para a humanidade.
Setembro é o mês em que retomamos a vida social, escolar, laboral, pastoral. Saibamos unir esforços para cuidar do ambiente e dos irmãos, dentro de um “nós” que nos transcende. Então o famoso “Louvado sejas, meu Senhor, por todas as criaturas” que saiu da alma de São Francisco, não será uma abstrata e ingénua poesia, de um santo da Idade Média, mas um programa de vida, que pode transformar o nosso presente e dar novo alento ao futuro.
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