D. Isabel, duquesa de Borgonha

São muito poucos os documentos antigos que chegaram até aos nossos dias com referências à Igreja de Santo António, em Lisboa.

No Museu de Lisboa – Santo António apresentamos esses documentos em formato digital, acompanhados da sua transcrição, permitindo compreender a estreita relação do município com a capela e depois igreja de Santo António, que desde a sua construção é propriedade da edilidade.

(…) E rrendas da dicta çidade aa manteerem huum contrauto e composiçom que ella ffez fazer E hordenar com os rregedores E offiçiaaes que ora ssom pera sse dizer cada dia / E pera ssenpre hũa misa rrezada E cada anno sse cantar huum unjuersayro soplene na capella de ssanto antonjnho que esta Junto com a ssee da dicta çidade que a dicta duquesa manda dizer E cantar per a alma do Jffante dom ffernando (…)
(…) E rrendas da dicta çidade aa manteerem huum contrauto e composiçom que ella ffez fazer E hordenar com os rregedores E offiçiaaes que ora ssom pera sse dizer cada dia / E pera ssenpre hũa misa rrezada E cada anno sse cantar huum unjuersayro soplene na capella de ssanto antonjnho que esta Junto com a ssee da dicta çidade que a dicta duquesa manda dizer E cantar per a alma do Jffante dom ffernando (…) F. 124v., AML-AH, Livro I de Contratos, doc. 5, f. 123 a 126, de 18 de novembro de 1471

É o caso do documento aqui apresentado, datado de 18 de novembro de 1471, um acordo firmado entre a infanta D. Isabel de Portugal, duquesa de Borgonha, filha de D. João I, e os vereadores de Lisboa, determinando a realização de diversos sufrágios na igreja de Santo António por alma do Infante D. Fernando, seu irmão mais novo.

Com efeito, antevendo a sua morte (que ocorre um mês depois deste acordo, a 17 de dezembro de 1471), D. Isabel deixa instituída a realização de cerimónias perpétuas em memória do seu irmão D. Fernando, o Infante Santo, que tinha sido preso, em 1437, em Tânger, e que acabou por morrer no cativeiro em Fez, no ano de 1443.

Um pormenor muito significativo é a forma como D. Isabel se refere ao templo que é designado por “capela de Santo Antoninho”, denotando, já no século XV, uma intimidade muito peculiar com o santo lisboeta. Esta é bem reveladora da relação que os portugueses irão estabelecer com Santo António e que ainda hoje nos é tão familiar.

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