Referenciado como um dos primeiros milagres de Santo António, a cruz esculpida na escada de acesso ao coro da Sé Catedral de Lisboa constitui um símbolo importante da presença de Santo António junto do local onde nasceu.
Foi na Sé que foi batizado com o nome de Fernando e será também este o local onde estuda as primeiras letras.
Diz a tradição que no final da sua infância, estava mais exposto a alguns assaltos impetuosos da concupiscência: “Numa destas ocasiões, havendo sido tentado pelo demónio no ato das suas preces, Fernando fugiu precipitadamente pelas escadas do coro e, na sua passagem, lembrou-se de traçar com o dedo uma cruz no mármore de uma parede, como afronta imediata contra aquela tentação diabólica”. (Aloysio Gomes da Silva, O grande Thaumaturgo de Portugal Santo António de Lisboa: sua vida mortal, 1899, p. 34/35).
Mais tarde ingressou em São Vicente de Fora e tomou o hábito de Cónego Regrante de Santo Agostinho. Também aqui, e repetindo prodigiosamente o milagre, Frei “Fernando estampou com o dedo cinco cruzes em cinco pedras (…). Neste dedo se viu a grandeza do gigante da virtude; pois na infecunda durez das pedras, deixou fertilmente plantada a árvore da vida.
Pedras foram estas de toque para o metal daquele dedo, em que maravilhosamente a virtude descobriu seus quilates. Tanto nesta mão esteve a palma do poder, que numerando por cinco dedos cinco cruzes, multiplicou para um só dedo cinco palmas” (Brás Luís de Abreu, Sol Nascido no Occidente, posto ao nascer do sol. S. António Português, 1725, p.27).
No convento de São Pedro de Alcântara em Lisboa, junto da representação do trânsito de São Francisco, uma cruz na parede perpetua a realização deste magnífico prodígio, mais um testemunho da presença de Santo António na cidade de Lisboa.