No princípio do verão, deu-se um acontecimento que encheu o nosso coração de alegria e de esperança: o encontro do Papa Francisco com todos os responsáveis das Igrejas do Médio Oriente, na cidade de Bari, onde está o túmulo de São Nicolau, o grande Santo venerado por todas as Igrejas cristãs. Foi um encontro de oração, de comunhão e de reflexão. Foi uma tomada de consciência de que, perante a guerra, a violência e a injustiça, a única arma possível para vencer é a força do Amor e da comunhão.
Em contraciclo, assistimos a uma série de acontecimentos premonitórios de uma grande derrocada do sonho de uma Europa unida e solidária: a rejeição dos migrantes, o endurecimento das fronteiras, o prevalecimento dos interesses particulares sobre o cuidado da Casa comum, o enaltecimento da política “musculada”, o individualismo exasperado e a fuga para o “salve-se quer puder”.
Parece até que as nações estão a dar cabo da Europa pela terceira vez nos últimos cem anos. Agora, porém, não é necessário invadir países inimigos: basta injetar venenos pela Web, que nós, como carneirinhos, bebemos tranquilamente, sem nos darmos conta de que estamos a destruir a nossa própria vida.
Entretanto, sempre a partir do Papa Francisco, chegam-nos sinais de esperança e de vida: os vários encontros com os numerosos jovens que se preparam para o Sínodo sobre os Jovens, no próximo outubro, e as suas viagens apostólicas, nomeadamente à Irlanda, país atravessado por graves problemas e em risco de alterar a sua melhor identidade.
O que é que Francisco diz e afirma com insistência? Substancialmente duas coisas: a necessidade de caminharmos juntos, com paciência e misericórdia, e de nos reconhecermos irmãos, filhos de um único Pai, que quer uma vida justa e digna para todos. Será isto um sonho impossível? De maneira nenhuma, desde que saibamos superar os nossos medos e confiemos na presença amiga do Espírito do Senhor, que está no íntimo de cada um nós. Por isso, como diz o nosso colaborador Pe. Nuno Santos: “Deixemos que a esperança e a misericórdia continuem a vencer o ódio, a vingança… que o perdão e o amor vençam a morte!”.
Para concluir, uma nota pessoal: a alegria de ter participado, este verão, no Acareg da Região de Coimbra do CNE, cujo lema foi “Com-seguir”. É verdade, são os jovens que continuam a gritar aos adultos o sonho de um mundo mais fraterno e solidário; são os jovens a desafiar o mundo dos adultos fechado em si mesmo; são os jovens que anseiam por uma vida mais singela e pura, mais verdadeira e transparente. Basta “ir”, “começar”, por nós, por mim…