Início a escrever sobre Carlos Acutis no primeiro dia de verão, dia em que a Igreja celebra Luís Gonzaga. E vejo logo uma semelhança entre o jovem do final do séc. XVI e o jovem do sec. XXI; não só a proximidade da região de origem, a Lombardia, cuja capital é Milão, mas sobretudo a transparência de vida e de coração em que ambos viveram. E se Luiz Gonzaga morreu com 23 anos, contagiado com a peste de um moribundo que levava às costas, Carlos Acutis faleceu de leucemia com apenas 15 anos, dizendo: “Estou feliz por morrer, por que vivi a minha vida sem perder nem mesmo um minuto com coisas de que Deus não gosta”.

Carlos nasce, a 3 de maio de 1991, em Londres, onde os pais se encontravam por razões de trabalho. Mas pouco depois do nascimento do filho voltaram para a terra de origem, Milão.
Carlos era uma criança normal, com interesses e estilo de vida semelhantes aos seus coetâneos. Mas também se distinguia por uma especial amizade com Jesus que alimentava na Eucaristia, na oração, sobretudo à Virgem Maria, e na dedicação à vida paroquial, tornando-se bem cedo catequista das crianças que se preparavam para a Primeira Comunhão. Arranja ainda tempo para fazer voluntariado no meio dos pobres assistidos pelos frades Capuchinhos e pelas irmãs de Madre Teresa de Calcutá.
Não descura ajudar os colegas nos trabalhos de casa, cultiva a paixão pela música (toca saxofone), pelos programas informáticos, joga à bola, gosta de ver filmes e da play-station. Uma vida normal, que não impede o contacto e a forte atração do jovem Carlos para com “o Céu”. Isto graças à Eucaristia que se torna central na sua vida, a partir do dia da sua Primeira Comunhão recebida com apenas sete anos.
Carlos chega a definir a Eucaristia como uma autêntica “autoestrada para o Céu”. Para além da missa e do rosário, a adoração eucarística alimenta a sua vida espiritual de adolescente, amadurecendo o desejo de aprofundar e visitar os lugares dos milagres eucarísticos no mundo. Mas a doença não lho permite. Consegue viajar e visitar apenas alguns santuários come Lourdes, Fátima e Assis.
Aplica a sua paixão pela informática para construir um site onde catalogar os lugares dos milagres eucarísticos e oferece a sua doença pelo Papa e pela Igreja.
Carlos, antes do aparecimento da doença, frequentava as aulas com os colegas, encontrava os amigos na pizzaria, ou na praceta para dar algum chuto na bola, mantendo sempre uma íntima relação com o Senhor e transbordando a alegria do Evangelho.
Amava repetir: “Não eu, mas Deus!”, “Não o amor próprio, mas a glória de Deus”, “a tristeza é o olhar virado para si mesmo, a felicidade é o olhar virado para Deus”.
Carlos morre de leucemia fulminante M3, no hospital de São Gerardo, em Monza, perto de Milão, às 6.45, do dia 12 de outubro de 2006. Houve grande mobilização para o seu funeral, sobretudo de amigos e colegas. Um ano depois da sua morte, o seu corpo foi traslado do Cemitério Ternengo, no Piemonte, para o cemitério de Assis, a cidade de São Francisco, conforme o seu desejo.
A 13 de Maio de 2013, a Conferência Episcopal da Lombardia (região de Milão) iniciou oficialmente o processo para a declaração de “venerável” e a 23 de Janeiro de 2019 o seu corpo foi exumado e tratado com técnicas de conservação para ser exposto na Igreja de Santa Maria Maior, onde São Francisco viveu a sua conversão a Cristo, no despojamento diante do pai, do Bispo e de todos os habitantes da cidade. E a 10 de Outubro de 2020, houve a cerimónia de beatificação de na Basílica de São Francisco de Assis.
O kit de Carlos Acutis para os jovens de hoje
No site oficial sobre Carlos Acutis é possível encontrar uma listagem de frases retiradas dos diários e conversas deste jovem. Proponho algumas, quase um kit espiritual para os jovens a caminho da JMJ Lisboa23.
- “Uma vida é verdadeiramente bela se viermos a amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a nós mesmos”.
- “Criticar a Igreja significa criticar a nós mesmos! A Igreja é a dispensadora de tesouros para a nossa salvação”.
- “A única coisa que realmente devemos temer é o pecado.”
- “Por que os homens se importam tanto com a beleza de seus corpos e depois não se importam com a beleza de suas almas?”.
- “Todos nascem como originais, mas muitos morrem como fotocópias”.
- “Nossa meta deve ser o Infinito e não o finito”.
- “A santificação não é um processo de adição, mas de subtração. Menos eu para deixar espaço para Deus”.
- “Depois da Santa Eucaristia, o Santo Rosário é a arma mais poderosa para combater o demónio”.
- “O Rosário é a escada mais curta para subir até ao Céu”.
- “A felicidade é o olhar voltado para Deus. A tristeza é o olhar voltado para si mesmo”.
- “Se Deus possuir nosso coração possuiremos o Infinito”.
- “A conversão nada mais é do que mover o olhar de baixo para cima, basta um simples movimento dos olhos”.
- “Encontra a Deus e encontrarás o sentido da tua vida”.
- “O verdadeiro discípulo de Jesus Cristo é aquele que em tudo procura imitá-lo e fazer a vontade de Deus”.
- “O que realmente nos tornará belos aos olhos de Deus será apenas a maneira como o amamos e como amamos nossos irmãos”.
- “Sem Ele nada posso fazer”.
- “Só será verdadeiramente livre quem fizer a vontade de Deus”.
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