E estamos novamente em junho, mês dos santos populares – Santo António a 13, São João a 24 e São Pedro a 29 de junho. A festa religiosa de Santo António inicia-se logo no dia 1 de junho, com o começo da celebração da Trezena, prolongando-se até o dia 13.
Em Lisboa havia Missa Pontifical na Sé (na véspera) e realizava-se uma grande procissão que saía do Convento de São Francisco da Cidade para Santo António, onde se realizava o Te Deum.
Era ainda costume os membros da família real visitarem a Igreja na véspera da festa, sendo homenageados por todo o senado da cidade com um “ramalhete” de flores e com a oferta do bodo, constituído por fogaças, doces, caracoladas e condeças. As festas terminavam com um espetáculo de fogo-de-artifício.
Fazia também parte da tradição a popular tourada de Santo António, oferecida pela edilidade, que se realizava no Rossio ou no Terreiro do Paço, embora esta decorresse já fora da época, muitas vezes em julho ou mesmo em setembro.
Paralelamente às festas oficiais, decorriam as festas populares, relacionadas com ancestrais festejos do solstício de Verão. Incluíam as fogueiras, acompanhadas das sortes ao Santo e os cortejos de rapazes e raparigas às fontes e chafarizes na noite da véspera que terminava em arraiais e descantes (o mais popular na Praça da Figueira).
Os festejos populares incluíam ainda as ofertas rituais de cravos e manjericos e os tronos de Santo António armados pelas crianças com o tradicional pedido de “5 milreizinhos para a cera de Santo António” para queimar em fogos de artifício, reminiscência do peditório que permitiu reerguer a igreja de Santo António em Lisboa depois do terramoto de 1755.
Foto da capa: Festas de Lisboa, Guache sobre papel, Stuart de Carvalhais, 1934, MC.PIN.101