Amado pelo Senhor

Frei Roberto tornou-se frade, há apenas alguns meses em Assis, mas já tem uma longa experiência de vida e de trabalho às costas. Agora vive em Pádua (no convento de Santo António Doutor) onde continua os estudos e a formação.

Pedi ao frei Roberto Gottardi para nos contar um acontecimento significativo do seu caminho.

Frei Roberto Gottardi

Rezando diante do crucifixo de São Damião que tenho no quarto, decidi partilhar um episódio da minha história vocacional, que remonta há dez anos atrás.

O contexto é simples: Estava na Igreja do costume e na missa do costume, um domingo à tarde. A celebração foi, como sempre, muito familiar e a homilia muito rica. No final da Eucaristia fiz o gesto habitual dos cumprimentos; as pessoas eram muitas e procurei não esquecer ninguém.

Enquanto isto vi um amigo, o Gabriel, que era estudante de teologia, agora é missionário na Costa do Marfim. Aproximo-me para lhe dizer “olá” e para falar um pouco com ele. Depois de algumas palavras, cumprimentamo-nos trocando um abraço. Um gesto como este normalmente dura alguns segundos. Mas daquela vez, enquanto eu estava para o deixar, apertava-me mais forte. Não sei como explicar, mas naquele momento percebi um sentimento de paz profunda, como se tivesse recebido um abraço do Senhor. Ao voltar para casa, chorei durante toda a viagem e mesmo depois de ter reentrado em casa.

Naquele episódio, muito simples, senti-me amado pelo Senhor, senti-me procurado por Ele e agradeci-lhe por me ter dado assim tanta misericórdia. Sempre que vivo momentos de tristeza ou de fadiga, evocar aquele episódio dá-me consolação, faz-me voltar a uma espécie de centro interior, a um calor que me aquece a alma, que dá sentido à minha vida e às minhas escolhas.

Num mundo tão complexo como o de hoje, são estes pequenos gestos que podem dar um sentido à nossa vida e às nossas opções. Se os acolhemos com o coração aberto e com atenção, podem despertar em nós e em quem está à nossa volta, a beleza da vida.

Queria concluir e saudar a todos com uma frase do papa Francisco, da carta apostólica Gaudete et exultate: “Queira o Céu que tu possas reconhecer qual é aquela palavra, aquela mensagem de Jesus que Deus deseja dizer ao mundo com a tua vida”.

Frei Roberto

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