A longa solidão

A vida da norte-americana Dorothy Day (1897-1980) constitui um dos mais extraordinários e significativos testemunhos cristãos do século XX. Natural de uma família protestante, Dorothy Day procurou na juventude a experiência maior de liberdade e paixão, até a encontrar no Evangelho de Jesus. Já no seio da Igreja Católica, Dorothy mergulhou em pleno nos grandes movimentos que marcaram a história dos EUA, da Grande Depressão dos anos 30 até à guerra do Vietname, do movimento sufragista feminino à defesa dos direitos civis das minorias, numa vida onde os extremos se encontraram com a busca incessante do Centro.

Escrita num tom de confidência, sem pretender defender as suas posições, Dorothy expõe nesta Autobiografia o seu percurso até meados da década de 50, vividos essencialmente na costa leste dos EUA. Através das suas palavras, o leitor encontrará um testemunho único do perdão e do desejo de Deus, da busca da radicalidade evangélica ainda que através de desencontros e passos difíceis, e da necessidade de uma aplicação concreta, em comunidade, do mandamento novo, seja nos difíceis contextos urbanos e industriais, seja nas zonas rurais mais esquecidas.

Eu queria, embora não o soubesse na altura, uma síntese. Queria a vida e queria-a em abundância. E queria-a também para os outros. Não queria que apenas alguns, umas pessoas com mentalidade missionária como o Exército de Salvação, fossem simpáticas com os pobres, fossem como os pobres. Eu queria que toda a gente fosse simpática. Eu queria que todos os lares estivessem abertos para os coxos, os paralíticos e os cegos, tal como tinha acontecido depois do terramoto de São Francisco. Só assim as pessoas vivem realmente, amam realmente os seus irmãos. Nesse amor encontrava-se a vida abundante, e eu não tinha a menor ideia de como ele podia ser encontrado.

Dorothy Day

Título: A longa solidão
Autor: Dorothy Day
Páginas: 320
Edição: Lucerna

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