Senhor Padre, eu acredito em Deus. Gosto de conhecer a Bíblia e as histórias que ela contém. Sei que Deus nos criou e que gosta muito de nós. Mas penso que a Igreja usa isso para construir inúmeras coisas, não só edifícios, mas igualmente Missas, confissões, sacramentos, instituições, obras de caridade, missões e tantas outras coisas que a Igreja construiu ao logo do tempo. Para que serve tudo isso? Não basta acreditar? Susana, Lisboa
Cara leitora, a fé e a vida estão interligadas. Quando Deus se manifesta ao Homem, toca e transforma a sua vida, dando-lhe uma razão, um sentido e uma forma. O nosso Deus é o Deus da Vida. Os Sacramentos nascem da vida e para a vida, encontram o seu fundamento em Jesus Cristo e não na vontade ou na imaginação da Igreja. Por exemplo, a Eucaristia, de que a leitora fala, não foi inventada pela Igreja, foi instituída por Jesus, na última ceia, como um memorial: “fazei isto em memória de Mim”(Cf. Lc 22,19). A Eucaristia nasce de um desejo do Senhor, Ele quer viver um encontro connosco para nos alimentar e para transformar a nossa vida.
É claro que muitas coisas nasceram em determinados contextos e, por vezes, correm o risco de não serem bem vividas ou percebidas num contexto diferente. Por isso, há uma necessidade contínua de procura, de reforma e de encarnação no Homem de hoje.
As associações de solidariedade ou as missões nasceram para ajudar o irmão nas suas necessidades corporais ou espirituais. A fé não é solitária, vai ao encontro do outro. Encontrar Jesus Cristo é descobrir que Deus é Pai e que o outro é meu irmão, por isso, não posso ficar indiferente às suas necessidades e é natural o desejo de anunciar Aquele que dá sentido à vida.
Claro que temos que renovar e purificar, mas não podemos separar a fé da vida. Se eu digo que acredito em Deus no íntimo do meu coração, mas na minha vida não há nada que o manifeste, provavelmente a minha fé está adormecida ou anestesiada.