A estrela do Oriente

A Palavra de Deus

Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos, vindos do Oriente.
«Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer?
Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo».
Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia […]».
Então Herodes […] enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-lo». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua mãe e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-no.

Mt 2, 1-11

A palavra de Santo António

Jesus Cristo é estrela resplandecente na ilustração do espírito,
é a estrela da manhã no conhecimento da verdade
.

O Oriente é a vaidade ou a prosperidade do mundo. Jerusalém, que significa pacífica, é o estado da vida nova, da penitência.
Feliz o estado em que há a beleza da consciência pacífica, a confiança do viver santo, a opulência da caridade fraterna.
Portanto, assim como a estrela trouxe a Jerusalém os Magos desde o Oriente, também a divina graça atrai os pecadores ao estado da penitência desde a vaidade do mundo, a fim de que procurem o Rei nascido, procurando O encontrem e encontrando O adorem.

“Onde é que nasceu o Rei dos Judeus”, o Rei dos confitentes, dos penitentes? Procuram o Rei dos penitentes, nascido em si próprios, aqueles que se propõem fazer penitência.
“Nós, dizem, no Oriente, na vaidade do mundo, vimos a sua estrela, conhecemos a sua graça e assim por meio dela viemos adorá-Lo”.

Sermão na Epifania do Senhor

Aprofundemos

A estrela dos Reis Magos, segundo Santo António, é o símbolo da luz que brilha na noite do mundo, ilumina a nossa alma e nos conduz à verdade. E esta luz é Cristo: “Eu, diz Jesus no Apocalipse, sou a geração e a raiz de David, a estrela resplandecente da manhã (Ap 22,16). Esta estrela vem do Oriente. Na Bíblia, o Oriente é símbolo de luz, de graça, porque é do Oriente que nascem o sol, o dia e a vida. Oriens, do latim orior, significa “surgir, nascer”. E qual é a fonte mais viva, mais esplêndida, mais quente e mais brilhante do que Cristo, “a luz do mundo”? (Jo 8,12).

Mas também há os que voltam as costas a esta luz e seguem as vaidades, desprezam a pobreza, a humildade, a cruz de Cristo e declaram felizes os que se entregam aos prazeres e gozam das suas riquezas. A estrela nos leva, então, a Jerusalém, símbolo da paz, da vida santa, do amor fraterno e da graça que nos conduz das vaidades do mundo à nova vida de penitência. Ela nos guia na busca do rei nascido em nosso coração, para encontrá-lo e adorá-lo.

Hoje, também, muitos se perguntam: onde nasceu o Rei dos Judeus, o Messias, o Salvador que pode trazer a luz, a paz e o amor ao nosso mundo? É possível encontrá-lo entre as muitas propostas de verdade que nos são feitas? A humildade da Virgem olhou para o Oriente, e foi iluminada pelos seus raios. Então, digamos com os Magos e com Maria: No Oriente, na vaidade do mundo, vimos a sua estrela, conhecemos a sua graça e viemos adorá-Lo.

Foto da capa: Virgem do Bom Ar, uma obra-prima do início do século XVII, assinada pelo pintor português Vasco Pereira Lusitano, Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), Lisboa, 30 de julho de 2020. Proveniente de uma coleção particular, a obra, uma das mais importantes do pintor português radicado em Sevilha no final do século XVI, junta-se ao seu acervo, num depósito por cinco anos, e pode ser vista até 13 de dezembro. LUSA.

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