O documento sobre a Fraternidade Humana em favor da paz mundial e da convivência comum, assinado pelo Papa Francisco e pelo grande Imã de Al-Azhar, Ahamad Al-Tayyb, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, constitui um marco fundamental na história da humanidade, porque representa um passo decisivo para um futuro de esperança.
O bispo administrador apostólico de Jerusalém para os Latinos: Pierbattista Pizzaballa, entrevistado pelo jornalista italiano Domenico Agasso Jr, manifestou assim a sua alegria:
O documento representa um ponto de referência indispensável para o relacionamento entre cristãos e muçulmanos. O facto de o encontro ter sido realizado no coração do mundo islâmico, de ter sido possível falar de fraternidade entre crentes de diferentes religiões, de concordar sobre a necessidade de combater todas as formas de instrumentalização da religião, tudo isto é muito importante e terá impacto determinante no mundo árabe, que precisa destes sinais.
Interpelado se a viagem do Papa iria incidir concretamente na vida das pessoas, o mesmo Bispo recordou que já o Papa Paulo VI realçava que a paz é sinónimo de desenvolvimento e afirmou:
Se quisermos a paz, não é suficiente fazer bonitos discursos sobre a paz sem olhar para a realidade do território, onde existe uma enorme miséria e uma grande desproporção entre riqueza e pobreza. É necessário que o desenvolvimento traga consigo também a justiça social e o respeito dos direitos humanos. Religião, economia e política devem ter, dentro das suas áreas, uma única orientação. O próximo futuro continuará a ser muito difícil, mas o passo dado pelo Papa e pelo Grande Imã infunde coragem para seguir em frente rumo a um futuro de paz.
E qual é o caminho que todos os homens, crentes e não, devem seguir?
É o caminho do diálogo, da colaboração e do mútuo conhecimento, conforme se lê no próprio documento:
Declaramos adotar a cultura do diálogo como caminho; a colaboração comum como conduta; o conhecimento mútuo como método e critério.
O Papa Francisco, uma vez regressado ao Vaticano, recomendou a todos os católicos para
lerem este documento, porque estimula a ir para frente no diálogo em favor da fraternidade humana. Num tempo como o nosso, em que é grande a tentação de ver em ato uma luta entre as civilizações cristã e a islâmica e, também, de considerar as religiões como fonte de conflito, pudemos dar um sinal claro e firme de que é possível encontrar-se, respeitar-se e dialogar