A caminho da JMJ 2023

Um artigo de Frei Maximiliano Patassini; Ilustração: Elisabetta Benfatto | messaggero di sant’Antonio

Começa uma nova rubrica pensada para os animadores dos grupos de jovens das nossas paróquias em vista à JMJ 2023.
O foco são os jovens e os seus mundos, onde habitam os medos e a coragem.

Depois dos adiamentos causados pela pandemia, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) vai realizar-se em Lisboa, de 1 a 6 de agosto. O encontro internacional de jovens, iniciado pelo Papa João Paulo II, em 1985, é uma oportunidade para viver uma experiência de fé e espiritualidade, um espaço de oração e partilha que muitos recordam como uma etapa significativa na sua caminhada de vida.

As convulsões do nosso tempo, em particular a crise pandémica e a guerra na Ucrânia, têm um grande impacto na nossa existência, especialmente nas camadas mais jovens, favorecendo uma situação de instabilidade e incerteza em relação ao futuro. A temática da JMJ 2023 enquadra-se neste clima, e tem como lema a passagem do Evangelho de Lucas: “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1, 39).

A frase situa-se entre a cena da Anunciação e a visita de Maria à prima Isabel. Maria, antes de dar o seu consentimento, deixa-se atravessar por uma palavra que inicialmente a perturbou: o medo também esteva presente na sua vida, como na nossa. No entanto, a jovem de Nazaré questiona esse medo, tenta conhecê-lo e compreendê-lo: pede esclarecimentos ao anjo, não se deixa vencer pela perturbação. É um ensinamento importante para nós: há muitos medos que aparecem no nosso dia-a-dia e tentam impedir-nos de agir, de crescer, de nos abrirmos à novidade. A sua origem é muitas vezes inconsciente e escondida, mas são certamente alimentados por situações de precariedade e desconfiança, como aquelas geradas pelo isolamento pandémico e pela ameaça de um conflito mundial.

Nesta nova rubrica, iremos debruçar-nos sobre alguns medos que atingem as nossas vidas, em particular a vida dos jovens: medo de amar, medo da liberdade, medo da infertilidade, medo de perder, medo de viver, medo de Deus…

Maria levanta-se e parte. Estas palavras falam da passagem de uma situação estática para uma abertura ao movimento.

Em primeiro lugar, em sentido vertical: levantar-se é um verbo decisivo no Evangelho, muitas vezes utilizado por Jesus para sancionar o começo de uma nova etapa da vida. Pensemos no paralítico (cf. Mc 2,11), na menina morta (cf. Mc 5,41), no filho da viúva de Naim (cf. Lc 7,14). Em todos estes casos, Jesus convida os que lhe são apresentados a levantarem-se e a saírem da situação de doença ou de morte em que se encontravam.

O segundo verbo é ir, que manifesta a ideia de partir e deixar a atual situação para assumir o risco da novidade, talvez inesperada ou imprevista; este é, também, o convite, quase imperativo, que o Senhor dirige depois de alcançar e tocar a vida de alguém.

Maria, uma vez compreendido o sentido da perturbação, abre espaço na sua vida para a novidade: que se cumpra nela a Palavra do Senhor (Lc 1,37). Uma nova coragem nasce no seu coração, graças à qual se levanta e parte. Esta dinâmica pode ajudar-nos como sugestão para a reflexão: como podemos levantar-nos e partir, hoje?

“Coragem, levanta-te! Vence o medo”, eis a nova rubrica. A cada medo que iremos enfrentar, associaremos um gesto de coragem que manifesta a possibilidade de uma nova partida: coragem para amar, para se aceitar, para enfrentar a dor; coragem na esperança, na confiança, na fé…

O desenvolvimento destes temas fica a cargo de dois autores: o professor Simone Olianti, psicólogo e professor na Pontifícia Universidade Salesiana e a ilustradora, Isabel Benfatto, professora na International School of Comics, em Pádua. De facto, as imagens também são textos que transmitem significados, embora muitas vezes as percorramos rapidamente, sem dar tempo suficiente para compreender a mensagem além da superfície.

A caminhada de Maria culmina no encontro com Isabel e a ilustração culmina com o cântico de louvor do Magnificat: é preciso coragem para sair da zona do conforto e superar os medos que nos prendem para, depois, cantar o cântico de louvor.

É a história de tantas pessoas que fizeram das suas vidas uma obra-prima: por isso, acompanharemos cada episódio da nossa viagem com alguns traços da experiência de vida dos patronos da JMJ.

Oxalá esta proposta possa fornecer alguns pontos de apoio para a reflexão pessoal e comunitária.

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