A bênção dos animais

No lugar de Mixões da Serra, na freguesia de Valdreu, concelho de Vila Verde, o último domingo antes de 13 de Junho, dia de Santo António, é marcado pela bênção dos animais, uma tradição secular com origem no século XVII.

Nesse dia, o largo do Santuário de Santo António de Mixões da Serra enche-se com os devotos que levam vacas, cavalos, cabras, cães, gatos e até pombas para a bendição. Diz-se que assim se garante a proteção dos animais, saúde e bons produtos como leite ou ovos.

Tem origem numa promessa dos pastores e lavradores que evocavam Santo António para proteger os seus animais e as suas colheitas dos lobos e dos javalis que desciam da Serra do Gerês. Como forma de agradecimento, foi erguida uma ermida, mais tarde ampliada para igreja e santuário.

Ainda hoje, a bênção dos animais continua a ser uma festa muito desejada e participada pela população local e demais devotos da romaria.

A bênção dos animais, em Mixões da Serra. Foto de Alfredo Cunha.
A bênção dos animais, em Mixões da Serra. Foto de Alfredo Cunha.

É uma forma de celebrar o Santo António enquanto protetor dos animais, padroado que pertence também a Santo Antão, mas por contaminação linguística (António e Antão têm a mesma origem latina “Antonius”) é atribuído a Santo António.

Durante mais de 20 anos o fotógrafo Alfredo Cunha registou esta histórica romaria de Santo António de Mixões da Serra, que resultou numa exposição de fotografias atualmente patente ao público no Museu de Lisboa – Santo António até final de janeiro de 2022.

Através da lente de Alfredo Cunha e da qualidade do trabalho a que já nos habituou, somos transportados para o ambiente místico da serra minhota, numa das mais extraordinárias romarias dedicadas a Santo António, revelando a inusitada vertente rural deste Santo que, em Lisboa e em muitas cidades portuguesas, está sobretudo ligado aos casamentos de Santo António e ao bairrismo das marchas e arraiais populares das festas de junho.

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