A alegria explosiva e desinquietante do Evangelho

O Especial da edição de fevereiro é dedicado à caminhada sinodal que a Igreja é chamada a fazer, entrando num percurso de avaliação, meditação e renovação ao longo de dois anos (2021-2023).

O Papa Francisco, nestes oito anos de pontificado, deu-se conta que a Igreja devia encontrar uma resposta convincente à sua existência e missão ou, então, corria o risco de ficar à margem do horizonte da história viva da humanidade.

Passando um olhar pelas estatísticas da Igreja, publicadas pelo Vaticano no fim do ano passado, nota-se que o número dos fiéis cresceu em todos os continentes, exceto na Europa, onde ficou registado um decréscimo de cerca 300 000 fiéis.

Se a este dado, acrescentarmos as consequências da pandemia da Covid 19, que afastou muita gente da participação presencial nos sacramentos, temos de concluir que a Igreja, especialmente na Europa, se encontra numa encruzilhada delicada da sua caminhada como povo de Deus.

No início deste ano, na festa da Epifania do Senhor, o Papa Francisco na sua homilia falou de “tristeza” quando a comunidade cristã perde a “alegria explosiva e desinquietadora do Evangelho”, querendo assim interpelar todos os cristãos: “A que ponto estamos na nossa viagem da fé? Porventura, estamos estacionados numa religião convencional, exterior, formal, que deixou de aquecer o coração e já não muda a vida?”.

Eis aqui, portanto, a primeira tarefa que se impõe à nossa Igreja, em Portugal e na Europa: enfrentar este tempo como um tempo favorável, uma “oportunidade para pensar e viver de maneira diferente a nossa fé, realizando um discernimento sobre aquilo que o Senhor nos pede para viver hoje, quer a nível pessoal quer como Igreja”.

Dizia o Pe. Yves Congar, uma das grandes figuras do Concílio Vaticano II: “Não é preciso fazer outra Igreja; é preciso fazer uma Igreja diferente”. O Sínodo em curso é a concretização deste “sonho”.

Que ninguém se desmarque nem fique de fora!

Foto da capa: O Papa Francisco joga matraquilhos, audiência geral semanal no Salão Paulo VI, Cidade do Vaticano, 18 de agosto de 2021, EPA/VATICAN MEDIA.

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